O diretor artístico, Ivo Martins, vincou que o evento, apesar da “data histórica”, procura “reinventar-se permanentemente”, apresentando um cartaz que arranca com The Vijay Iver Trio, formação com músicos da ‘cena’ nova-iorquina de ascendência indiana e malaia, e encerra com Frankfurt Radio Big Bang & Melissa Aldana, um projeto que liga uma orquestra europeia de jazz e a solista chilena, no saxofone.

“É um festival transcontinental, que abarca muita coisa. Queremos pôr em confronto alguns territórios, alguns pontos-limite, perto daquela zona que as pessoas consideram jazz e não jazz. […] Queremos introduzir o risco de fracassar. Só existe êxito se tivermos a noção real de fracasso. Sem essa noção, tudo é êxito”, realçou o programador, na conferência de imprensa de apresentação.

Coorganizado pela associação cultural Convívio, que celebrou 60 anos na quinta-feira, e pela cooperativa municipal A Oficina, o Guimarães Jazz apresenta uma proposta “equilibrada, mas heterogénea”, com os concertos a repartirem-se pelo Centro Cultural Vila Flor e pela ‘black box’ do Centro Internacional de Artes José de Guimarães, acrescentou o programador.

Depois do concerto inaugural de The Vijay Iver Trio, no dia 11, Guimarães acolhe formações transnacionais como o Miguel Zenón Quartet, no dia 12, o WHO Trio, no dia 13, com uma reinterpretação do trabalho de Duke Ellington, antes de receber o octeto norte-americano Chris Lightcap’s Superbigmouth, também no dia 13, com uma “abordagem muito física do jazz”.

As outras propostas dos Estados Unidos são Black Art Jazz Collective, concerto com “perspetiva mais política”, agendado para 19 de novembro, e o quinteto de Ryan Cohan, pianista de Chicago que atua no dia 20, após dirigir a habitual atuação da Big Band da Escola Superior de Música e de Artes do Espetáculo (ESMAE), no dia 14.

O programa inclui ainda a ‘performance’ de Inês Malheiro, no âmbito da colaboração entre o festival e a associação portuense Porta-Jazz, no dia 14, a parceria entre o Niels Klein Trio com a Orquestra de Guimarães, que Ivo Martins classifica como uma “loucura”, no dia 17, a atuação do Projeto Sonoscopia, radicado no Porto, no dia 18, e o concerto do duo Samuel Blazer e Marc Ducret, no dia 20.

Com um orçamento de 165 mil euros, o Guimarães Jazz vai decorrer de novo sem restrições de lotação, após a limitação de 50% que teve de cumprir em 2020, e o diretor executivo da Oficina, Ricardo Freitas, salientou que o evento que já faz parte da “agenda nacional”, com espetadores de fora do concelho a pernoitarem na cidade por causa do festival.

Já o representante do Convívio, César Machado, enalteceu o regresso das ‘jam sessions’, um dos números que regressam, após interrupção pela pandemia, e salientou o contributo do evento para tornar Guimarães “maior”, quer pelos públicos que tem formado, quer pelos “filhos” que tem originado, nomeadamente a escola de jazz da associação, em funcionamento há 10 anos.

O dirigente mencionou ainda a exposição “60/30”, exposição com 30 imagens referentes à história do Guimarães Jazz, que vai estar patente na sede do Convívio entre 11 e 20 de novembro.

Já o vereador da Câmara Municipal de Guimarães para a cultura, Paulo Lopes Silva, enalteceu a abertura do festival para “outras disciplinas artísticas”, como se vê na ‘performance’ da associação Porta-Jazz, que cruza música e artes plásticas, ou na residência artística da Orquestra de Guimarães, que extravasa o jazz.