Os escritores portugueses Gonçalo M. Tavares e João Tordo vão participar na segunda edição do festival "Conversations fictives" ("Conversas fictícias"), que vai decorrer a partir de segunda-feira, 02 de maio, em Paris.
João Tordo vai ser convidado a subir ao palco a 09 de junho e Gonçalo M. Tavares, em setembro, na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, para uma "conversa fictícia" em que os autores portugueses vão ser questionados "como se estivessem em frente a um espelho", explicou à Lusa Ignasi Duarte, o criador do festival.
"A ideia é levar a literatura ao palco, através de uma regra muito simples: tirar da obra dos autores as perguntas que eles próprios fizeram às suas personagens. É uma conversa fingida, uma conversa fictícia. Há uma personagem interpretada por mim, que só pergunta, e há outra que é o escritor, que só responde", descreveu Ignasi Duarte à agência Lusa.
O mentor do festival de "literatura performativa" explicou que leva para o palco um guião com as perguntas tiradas da própria obra dos autores, "sem que haja uma ordem pré-estabelecida", num "jogo de improvisação", no qual "não se sabe para onde vai a conversa".
"É como uma dramaturgia ao vivo. É uma 'performance', porque há uma pose em cena e uma tensão, um silêncio, uma expectativa que cria qualquer coisa de diferente em relação às conversas normais com escritores ou em relação às encenações teatrais", continuou.
Ignasi Duarte sublinhou que "é um luxo ter Gonçalo [M. Tavares] no festival", e que decidiu convidá-lo depois de ter feito com ele uma experiência similar, a 08 de março, em Barcelona.
O convite a João Tordo surgiu porque se trata de "um dos jovens com mais futuro das letras portuguesas, e o festival quer apoiar os mais novos", ainda por cima tendo o autor "muita obra, apesar de ser jovem".
O festival começa a 2 de maio, com a projeção do filme "El monstro en la piedra", de Ignasi Duarte, "uma conversa filmada com um autor de culto argentino [Alberto Laiseca], a meio caminho entre o documentário e a ficção".
Trata-se do primeiro filme do projeto e é "baseado numa conversa fictícia com uma encenação mais próxima do cinema", acrescentou o realizador que, em 2014, apresentou no festival IndieLisboa o filme "Montemor", rodado em Montemor-o-Velho, protagonizado por habitantes da vila.
As "conversas fictícias" vão acontecer em diferentes espaços de Paris, entre maio e dezembro, e têm uma duração de cerca de uma hora.
Além de João Tordo e de Gonçalo M. Tavares, o festival, dedicado às literaturas em língua portuguesa e língua castelhana, vai contar também com os escritores argentinos Eduardo Berti, a 12 de maio, na Casa de Portugal - André de Gouveia, e Martín Caparrós, a 27 de maio, na Livraria Cien Fuegos.
Na primeira edição, em 2015,foram convidados os escritores portugueses Lídia Jorge e Valter Hugo Mãe e, no futuro, Ignasi Duarte quer levar "as conversas fictícias" para Lisboa, Porto e Coimbra.
O festival conta com várias parcerias, incluindo da delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, da Casa de Portugal André de Gouveia e da Embaixada de Portugal em Paris.
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