Rui Carvalho explicou à Lusa que o som conseguido no mosteiro remetia para uma sensação particular: “Começou-me a sugerir a ideia de mergulho, de procurar alguma coisa, neste caso seria um mergulho até ao centro da terra, um mergulho de quando a pedra te come, uma coisa assim qualquer”.

Produzido por João Brandão e editado pela Lovers & Lollypops, “Mergulho” tem edição prevista para 7 de março, estando já marcados os concertos no Teatro Maria Matos, em Lisboa, a 18 de março, no dia seguinte, no âmbito do festival insular Tremor, mais tarde, a 21 de abril, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, e a 22 desse mês, no mosteiro onde foi realizada a gravação.

“Senti que o disco tinha muito a ver com mar e com mergulhos, com profundidades e aquilo tudo à volta era pedra. Não sei como é que uma coisa joga bem com a outra, para mim faz todo o sentido. Até porque é no Minho, não é propriamente costeiro, mas é um mergulho à mesma”, disse o músico.

A gravação em Amares partiu de uma oportunidade gerada pela associação Encontrarte Amares - sem a qual Rui Carvalho reconhece a impossibilidade de ter feito "Mergulho" -, numa residência que se encontrou com a do realizador Miguel Filgueiras, que filmou um documentário da criação do disco.

Os concertos em Lisboa e no Porto vão contar com a presença em palco de três convidados especiais: Cláudia Guerreiro (de Linda Martini), João Nogueira (de Riding Pânico) e do produtor João Brandão.

Questionado sobre se as colaborações em palco, a par da parceria com o baterista Ricardo Martins (de Papaya, ex-Lobster), que vai ser apresentada no dia 19 deste mês em Lisboa, significam uma procura de algo diferente do projeto a solo, Rui Carvalho responde que “uma pessoa sente sempre necessidade de fazer alguma coisa diferente”.

“No disco a solo, as colaborações não têm tanto a ver com isso. Agora, que é muito mais giro tocar com pessoas do que tocar sozinho, em muitas circunstâncias, é. Porque é uma ‘seca’, às vezes, tocar sozinho. Tem coisas muito boas do ponto de vista musical - as coisas em banda são muito negociadas -, por outro lado, tocar com pessoas, ter amigos, é bom, (...) e descobre-se outro tipo de coisas”, referiu o guitarrista.

Rui Carvalho acrescentou que gostava de continuar a mover-se pelos dois mundos, ou seja, “ter uma coisa a solo e, nos entremeios, ir fazendo discos com outras pessoas”.

No final da entrevista, questionado sobre quando é que seria possível obter novidades sobre um outro projeto ao qual também está ligado – a banda If Lucy Fell – Rui Carvalho admitiu não saber se “alguma vez vai haver novidades de If Lucy Fell”.

“Eu também gostava, mas parece-me complicado, porque toda a gente - somos amigos e dá-se tudo muito bem - está a fazer coisas muito diferentes. Não faço ideia nenhuma. Nunca se sabe. Um dia destes, todos velhos, fazemos um disco acústico. If Lucy Fell acústico. Tinha uma certa piada”, riu-se o músico.

Foto: Rita Sousa Vieira/SAPO On The Hop