Liliana Rodrigues, responsável pelo Serviço Educativo e Cultural do Centro de Artes de Sines e pelas iniciativas paralelas do Festival Músicas do Mundo (FMM), divide em dois grupos as três dezenas de pessoas – portuguesas e estrangeiras, famílias, mas também uma turma de tempos livres – que vão ter acesso à zona reservada dos bastidores, durante os últimos dois dias da 18.ª edição do FMM.
O recinto ainda descansa da noitada anterior, enquanto o regam e cobrem com a já característica mistura de hortelã e poejo, quando Liliana se lembra de começar por fazer uma analogia entre a organização do festival e o dia a dia da criançada.
“Se vocês quiserem dar uma festa, dizem o que querem à mãe, para ela organizar, certo?”, pergunta, logo interrompida pelo pequeno Daniel: “Sim, mas a mãe não compra.”
Gargalhada geral, seguem caminho. Natalina, um dos elementos da equipa do FMM, que, na sua essência, é a mesma há 18 edições, recebe-os na porta que separa o recinto público dos bastidores, onde vão poder espreitar camarins, saber o que se faz na acreditação e como funcionam as emissões de rádio.
Logo no início do percurso, dão de caras com um visitante especial. O presidente da autarquia de Sines está ali por acaso, mas não se furta à conversa. Um dos meninos acha que Nuno Mascarenhas é o segurança do festival e outro arrisca mesmo dizer que talvez ele seja a fada dos dentes.
Também o diretor artístico do FMM, Carlos Seixas, sempre difícil de parar por estes dias, concede uns minutos à criançada e até sugere a Liliana que os leve até ao palco, onde o cabo-verdiano Bitori ensaia.
“Boa viagem ao mundo de Sines”, deseja-lhes Carlos Seixas, que depois os acompanhará até ao palco, observando de longe.
Mas, antes de ficarem maravilhados com fios, cabos e toda a parafernália que faz um palco, os visitantes sentam-se na esplanada do bar que serve os artistas e outros acreditados.
“Vou pedir uma bebida”, ensaia um menino. Mas Liliana tem outro plano e aproveita a presença do radialista Edgar Canelas para explicar como funcionam as emissões de rádio e o que está ali a fazer a estação pública.
O grande momento estava reservado para o fim. Ordeiramente, sobem a rampa de acesso ao palco, onde tiram fotografias e observam Bitori nos últimos acordes do ensaio. Liliana dá umas explicações sobre som e luz, coisas que “geralmente lhes passam completamente o lado”.
Dirigida principalmente aos mais novos, a iniciativa “O Outro FMM”, pretende mostrar que o festival “não brota do chão”, mas resulta das “sinergias” de uma equipa que se conhece há muito.
“O Outro FMM partiu da nossa ideia de mostrar o nosso trabalho, todas as equipas, é um trabalho conjunto de vários elementos (…), e mostrar a importância de cada um para que este festival seja colocado em pé”, destaca Liliana.
“Estamos todos a trabalhar para o mesmo, é um festival de todos e para todos”, resume Liliana, contando que alguns participantes nas iniciativas paralelas tornaram-se entretanto voluntários.
A “formação de público” é outro dos objetivos desta iniciativa, num festival que acredita que os jovens de hoje são os festivaleiros de amanhã.
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