Assume-se com um evento apolítico mas, esta noite, que pode terminar com a vitória do grupo ucraniano Kalush Orchestra, é ao som de "Give peace a chance", a canção anti-guerra escrita pelo cantor e compositor britânico John Lennon, que o Festival Eurovisão da Canção 2022 arranca, numa das mais populares praças de Turim, no norte de Itália. O espetáculo segue depois para o PalaOlimpico, onde Laura Pausini, que também apresenta a gala final, canta um medley de êxitos.

A República Checa, com uma atuação feérica e com o melhor jogo de luzes da noite, inicia o desfile de canções, transformando o pavilhão italiano numa grande discoteca. Com uma grande base de apoio, o grupo We Are Domi deverá ficar a meio da tabela, entre o décimo-segundo e o décimo quarto lugar. Segue-se a Roménia com WRS, uma das surpresas da segunda semifinal. Poucos contavam com o apuramento do cantor de 29 anos, que deverá, todavia, ser um dos menos pontuados.

We Are Domi
créditos: We Are Domi, representantes da República Checa, fotografados por Sarah Louise Bennett

Portugal é o terceiro país a atuar, naquele que é o primeiro momento intimista da noite. O derradeiro ensaio foi um dos melhores de Maro, que continua a ser uma das cantoras mais aplaudidas no PalaOlimpico. Nas últimas horas, tem vindo a perder terreno no ranking das principais casas de apostas mas, na votação desta noite, deverá conseguir uma votação expressiva. Independentemente do resultado, Portugal tem uma das canções mais elogiadas da edição de 2022.

Os países que se seguem

Depois da performance melancólica de Portugal, entra em ação a Finlândia, com a (muito) enérgica atuação dos The Rasmus. O grupo, que já atuou em palcos portugueses, não deverá, no entanto, conseguir mais do que o décimo-quarto lugar. A Suíça, outra das surpresas nas semifinais, também propõe um momento intimista. Marius Bear não contava com o apuramento mas já sabe que, esta noite, não conquistará um dos lugares mais ambicionados. Deverá ficar nos 20 primeiros.

França, o país que se segue, também já sabe que não repetirá este ano o feito do ano passado. Em 2021, Barbara Pravi terminou em segundo lugar. Alvan & Ahez, apesar de uma canção forte e visualmente impactante, correm sérios riscos de nem sequer figurarem no top 15 final. Embora também tenha vindo a perder apoiantes nas últimas horas, a Noruega, que surpreende com uma das mais animadas e misteriosas atuações deste ano, deverá ser um dos 10 países mais votados.

Tendência contrária segue a Arménia, que tem vindo a subir nos rankings das principais casas de apostas. A canção não envergonha ninguém mas também não galvaniza. Ficará entre a décima-sétima e a vigésima posição. Itália, até há muito pouco tempo um dos favoritos a repetir a vitória do ano passado, também tem vindo a perder apoiantes. Ficará seguramente nos cinco primeiros mas o lugar no pódio que (muitos) vaticinavam a Mahmood & Blanco não está, todavia, garantido.

Mahmood & Blanco
créditos: Mahmood & Blanco, representantes de Itália, fotografados por Corinne Cumming

As atuações mais esperadas

Depois da atuação da dupla italiana, o palco do PalaOpimpico enche-se de salero. Muitos eurofãs ainda acreditam na vitória da espanhola Chanel, que é responsável pelo melhor fogo de artifício da edição deste ano, mas a intérprete de "SloMo" não tem o pódio garantido. Deverá, contudo, terminar nos cinco primeiros. S10, a cantora de 21 anos que representa os Países Baixos, também presenteia a audiência com uma atuação intimista. Deverá terminar no top 10 no limite.

O grupo ucraniano Kalush Orchestra sobe ao palco depois da neerlandesa. Com 60% de possibilidades de vitória na altura do derradeiro ensaio, tem recebido um grande apoio popular desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no final de fevereiro. Podem não receber a votação máxima do júri mas deverão ser os reis do televoto popular. Essa é, pelo menos, a convicção da imprensa presente. Durante a atuação, veem-se uns olhos que choram. No final, é exibida a bandeira ucraniana.

Kalush Orchestra
créditos: Kalush Orchestra, representantes da Ucrânia, fotografados por Sarah Louise Bennett

Malik Harris, o discípulo de Eminem que representa a Alemanha com uma canção que recorda os (saudosos) tempos pré-pandémicos, transforma o palco do PalaOlimpico numa gigantesca sala de ensaios forrada a alcatifa(s). A performance não envergonha mas não deverá conseguir melhor do que o último lugar. A Lituânia, outra das surpresas das semifinais, apresenta uma canção revivalista. A pontuação de Monika Liu não deverá, todavia, ser muito diferente da germânica.

Performances que (não) galvanizam

Mais um grande momento musical é o que promete o Azerbaijão, o décimo-quinto país a atuar. A balada interpretada por Nadir Rustamli é poderosa e emocionante. Terá, no entanto, dificuldade em conseguir ficar nos 20 primeiros, tal como a Bélgica, o país que se segue. A pandemia regressa novamente ao palco do eurofestival na letra da canção que representa a Grécia. As casas de apostas colocam-na na lista dos 10 mais votados mas o top 5 não é uma possibilidade fora de alcance.

Outra das surpresas da(s) fase(s) de apuramento, a Islândia, que enviou para Turim um grupo composto por três irmãs, pode ficar no limiar das 20 canções com mais pontos, bem longe do grupo da Moldávia, o primeiro a conseguir conquistar por três vezes o passaporte para o eurofestival. Não deverá ser um dos 10 mais pontuados mas não deverá ficar muito longe dessa marca. Segue-se a Suécia, outro dos potenciais vencedores da noite. Disputa o segundo lugar com o Reino Unido e a Itália.

Sheldon Riley
créditos: Sheldon Riley, representante da Austrália, fotografado por Sarah Louise Bennett

Apesar de ter um dos figurinos mais distintivos da edição deste ano, a Austrália, representada por Sheldon Riley, tem dividido opiniões. Sem conseguir galvanizar os fãs do eurofestival, deve ficar-se pelo meio da tabela, apesar da interpretação magistral do cantor de ascendência filipina. Sam Ryder, o artista que se segue, corre sérios riscos de conquistar a vitória esta noite se a votação do júri prejudicar o grupo ucraniano. Em 20201, o Reino Unido não pontuou. Em 2022, serão muitos os votos.

O regresso dos vencedores

Duas das três últimas apresentações da noite pertencem a países que, à partida, figurarão no top 10. Ochman pode conquistar um dos melhores resultados de sempre para a Polónia e Konstrakta também fará brilhar a Sérvia. O desfile das 25 canções é encerrado por Stefan, o cantor que representa a Estónia com "Hope". As casas de apostas colocam-no no limitar do top 15. Enquanto há vida, há esperança, como diz o ditado popular. O meio da tabela poderá ser uma possibilidade efetiva.

No período em que as votações estão abertas, são muitos os acontecimentos a marcar esta festa. Para além de uma mensagem de uma astronauta da Estação Espacial Internacional, será feita uma homenagem às pessoas que (só) comunicam através da linguagem gestual. Os Måneskin, grupo que venceu o eurofestival em 2022 e que está a trabalhar com o realizador Baz Luhrmann na banda sonora de um filme sobre Elvis Presley, apresentam o novo single, "Supermodel".

Organização garante que vocalista dos Måneskin não se drogou no Festival da Eurovisão
créditos: Lusa

Gigliola Cinquetti, a primeira cantora italiana a vencer o Festival Eurovisão da Canção, em 1964, atualmente com 74 anos, também sobe ao palco para cantar, momentos antes da apresentação de um vídeo que reúne alguns dos figurinos mais excêntricos de sempre. Portugal é representado pelas Nonstop, o antigo grupo de Liliana Almeida, namorada do ex-dirigente desportivo Bruno de Carvalho. Segue-se uma (imperdível) atuação de Mika que promete ficar na história do eurofestival.

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