A primeira semifinal do Festival da Canção, que decorre na noite deste domingo, 18 de fevereiro, arrancou a preto e branco com uma homenagem a Madalena Iglésias, que representou Portugal na Eurovisão com o tema "Ele e Ela". A cantora faleceu no início de janeiro, aos 78 anos. "Todos sabiam quem ela era e todos saberão quem ela é", frisaram os apresentadores, Jorge Gabriel e José Carlos Malato.
Na cerimónia foi recordada a atuação da cantora portuguesa Festival da Canção em 1966.
Madalena Lucília Iglésias Doval nasceu a 24 de outubro de 1939 na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa.
Madalena Iglésias iniciou carreira no Centro de Preparação de Artistas, na ex-Emissora Nacional, e em 1966 venceu o Festival RTP da Canção com o tema “Ele e Ela”, de Marco Canelhas.
Na altura, a artista já se tinha apresentado em 1959 na televisão espanhola e em 1960 foi eleita por votação popular, através de subscritos, Rainha da Rádio e da Televisão.
Participou no mesmo ano no I Grande Prémio TV da Canção Portuguesa com "Balada Das Palavras Perdidas" e "Na Tua Carta". Nesse ano venceu o Festival Hispano-Português de Aranda de Duero.
Ainda em 1960 estreou-se no cinema, ao lado de António Calvário, em "Uma Hora de Amor", de Augusto Fraga. Participou também no filme "Canção da Saudade", de Henrique Campos.
Em 1962 representou Portugal no Festival de Benidorm, que lhe abriu definitivamente as portas do mercado internacional. Realizou digressões por Espanha e pela América do Sul, gravou para a discográfica Belter e concorreu a diferentes festivais internacionais, como o Palma de Maiorca e o de Aranda del Duero, que venceu em 1964.
Com "Silêncio Entre Nós" ficou em 3º lugar no Grande Prémio da TV da Canção. Gravou também uma versão de "Sol de Inverno".
O momento alto da sua carreira foi a vitória no Festival RTP da Canção de 1966 com "Ele e Ela", um tema da autoria de Carlos Canelhas. "Él Y Ella", uma versão em espanhol da canção, foi editada em Espanha, na França e na Holanda.
Em 1969 voltou a participar no Festival da Canção com "Canção Para um Poeta" mas em 1972, depois de se casar, deixou a carreira artística e foi viver para a Venezuela. Em 1987 mudou-se para Barcelona, onde viveu até à sua morte.
Em 2008, em declarações à Lusa, a propósito da publicação da sua fotobiografia “Meu nome é Madalena Iglésias”, de autoria de Maria de Lourdes de Carvalho, a intérprete afirmou que sempre se sentiu perseguida pelo complexo da beleza, apesar de reconhecer que "estava à frente" do seu tempo.
No texto de abertura da sua fotobiografia, a cantora referiu-se à sua carreira, que ultrapassou as fronteiras nacionais, como “um caminho percorrido com entusiasmo, alegria, êxitos e algumas nuvens”, e garantia: “Tenho um pouco do que vibrei!”.
“Ao escolher a minha profissão/vocação, a procurei cumprir sempre com rigor e muita dignidade”, afirmou.
Além de “Ele e Ela”, do repertório da cantora fazem parte, entre outras, as canções "Silêncio Entre Nós", "Poema de Nós Dois", "Canção para um poeta", "Canção Que Alguém Me Cantou", "É Você, "Oração Na Neve" e "De Longe, Longe, Longe…", “Canção de Aveiro”, “Cuando Sali de Cuba”, “Ven esta noche”, “La frontera” e “La más bella del baile”.
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