A Associação Portuguesa de Escritores (APE) distinguiu o escritor Fernando Guimarães, 97 anos, com o Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, realçando “o rigor e a coerência da reflexão ensaística e do [seu]trabalho poético”, anunciou hoje a APE.

A associação “realça o rigor e a coerência da reflexão ensaística e do trabalho poético de Fernando Guimarães, considerados, sobretudo, como expressão de uma muito singular dedicação integral à Literatura”, lê-se no comunicado.

O Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva tem o valor pecuniário 20 mil euros e nas, duas anteriores edições, os escritores foram distinguidos João Barrento e Lídia Jorge.

Fernando Guimarães, natural do Porto, onde nasceu em 1928, tem publicado desde 1956 em diferentes domínios desde a ficção à poesia, do teatro ao ensaio.

Paralelamente tem também feito traduções de autores como John Keats, George 'Lord' Byron, Percy Shelley e Dylan Thomas, entre outros autores. Na sua obra distingue-se igualmente a crítica literária, em publicações como a revista Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, e no Jornal de Letras Artes & Ideias (JL), entre outros títulos de jornais e revistas, como Comércio do Porto, Bandarra e Eros.

Na área do ensaio tem abordado em particular a literatura portuguesa de finais do século XIX à atualidade, e também a história da estética e a filosofia da arte.

Fernando Guimarães faz parte da equipa de investigadores do Centro de Estudos do Pensamento Português da Universidade Católica Portuguesa.

A obra de Fernando Guimarães foi repetidamente distinguida pela APE. Em 2020, conquistou o Grande Prémio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho com “Junto à Pedra” e, em 2014, o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, com “Os Caminhos Habitados”. Em 2006, “Na Voz de Um Nome” deu-lhe o Grande Prémio de Poesia APE/CTT que já vencera em 1992 com “O Anel Débil”.

Entre outras obras do escritor destacam-se “A Face Junto ao Vento” (1956), “Os Habitantes do Amor” (1959), “O Problema da Expressão Poética” (1959), “As Mãos Inteiras” (1971), o ensaio “Linguagem e Ideologia” (1972), “Três Poemas” (1975), “Poesia Romântica Inglesa” (1977), outro ensaio “O Que Foi a ‘Presença’?” (1977), “Mito” (1978) e “A Poética do Saudosismo” (1988), entre outros títulos.

A obra “Casa: o Seu Desenho” (1985) valeu a Fernando Guimarães o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em ex-aequo com Maria Gabriela Llansol, distinguida pela obra “Um Falcão no Punho”.

O autor foi também distinguido pela Associação Internacional de Críticos Literários, pelo P.E.N. Clube, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Em 2006, a Universidade de Évora atribuiu-lhe o Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra ensaística. Em 1995 recebeu as insígnias de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

A cerimónia de entrega do Prémio está prevista para o mês de abril, refere a APE.