O premiado escritor de obras de fantasia Neil Gaiman foi processado por uma mulher que o acusa de a ter violado várias vezes enquanto trabalhava na sua casa enquanto 'babysitter', mantendo-a como 'escrava sexual'.
A ação apresentada na segunda-feira em nome de Scarlett Pavlovich no tribunal federal de Wisconsin alega agressão sexual, violência física e tráfico de pessoas durante encontros sexuais forçados na Nova Zelândia em 2022.
Amanda Palmer também consta nas acusações: a ex-esposa está separada do escritor desde 2020 e existe uma disputa judicial de divórcio e custódia, mas é alegado que conhecia o comportamento desde pelo menos 2015.
A ação pede pelo menos um milhão de dólares de indemnização e a condenação formal de Neil Gaiman e Amanda Palmer.
As alegações contra Gaiman, conhecido por best-sellers como "Coraline e a Porta Secreta" e a série "The Sandman", surgiram pela primeira vez no verão num podcast da Tortoise Media.
Depois de um longo artigo da New York Magazine, em janeiro deste ano, ter incluído alegações de agressão, abuso e coação de oito mulheres, Gaiman respondeu com uma publicação num blogue, negando qualquer irregularidade.
"Como a maioria de nós, estou a aprender e a tentar fazer o trabalho necessário, e sei que este não é um processo que acontece de um dia para o outro", frisou.
"Ao mesmo tempo, ao refletir sobre o meu passado - e ao rever tudo o que realmente aconteceu, por oposição ao que está a ser alegado - não aceito que tenha havido qualquer abuso", acrescentou.
Por sua vez, Amanda Palmer partilhou uma mensagem a dizer que não iria comentar o caso publicamente no seu Instagram.
Gaiman trabalhou com várias editoras ao longo dos anos. Duas destas, a HarperCollins e a W.W. Norton, disseram que não têm planos para lançar os seus livros no futuro. Outros, incluindo a Bloomsbury, não quiseram até agora fazer comentários, noticiou a agência Associated Press (AP).
No fim de janeiro, a Dark Horse Comics dispensou o escritor e anunciou que deixaria de lançar a sua série ilustrada baseada em "Anansi Boys", cuja sétima das oito edições previstas saíra no início do mês.
Gaiman ainda indica a agência Stephen Barclay no seu 'site' como contacto para aparições pessoais, mas o seu nome não aparece na lista de clientes da agência. Barclay não respondeu imediatamente a um pedido de reação.
A Disney parou uma adaptação planeada de "The Graveyard Book", de Gaiman, enquanto a Netflix ainda tem programado lançar o que anunciou ser a segunda e última temporada de "The Sandman".
Em agosto, a Netflix cancelou "Dead Boy Detectives" após uma temporada, enquanto "Good Omens", produção da Amazon Prime Video e da BBC, renovada para uma terceira e última temporada em dezembro de 2023, foi interrompida em setembro de 2024 por causa das alegações e um mês depois foi anunciada a saída de Gaiman e que apenas seria lançado um episódio de 90 minutos.
Neil Gaiman é um dos mais populares e influentes escritores e argumentistas da literatura anglo-saxónica, no universo da fantasia. Tendo trocado o jornalismo pela ficção, publicou romances, contos, livros ilustrados, banda desenhada, argumentos para cinema e televisão.
"Deuses Americanos", "Bons augúrios", coassinado com Terry Pratchett, "A estranha vida de Nobody Owens", "Terra do Nada" e "Stardust" são ainda alguns dos livros da extensa bibliografia de Neil Gaiman.
O autor, que foi embaixador da boa vontade da ONU entre 2017 e 2019, reúne ainda alguns dos mais relevantes prémios literários do género, nomeadamente os prémios Hugo, Nebula e Eisner, além das distinções Newbery e Carnegie, na literatura para crianças e jovens.
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