A publicação de toda a ficção de Jorge de Sena é a nova aposta da editora Guerra e Paz, que ao longo deste ano vai ainda lançar ensaios de Isaiah Berlin, Allan Bloom e Thomas S. Khun.
Numa apresentação feita hoje pelo editor da Guerra e Paz, Manuel Fonseca, foi anunciado um plano editorial que pretende colocar à venda durante o corrente ano perto de 120 títulos, o mesmo número alcançado em 2022 e que contribuiu para que a editora tivesse tido um aumento de 48% de vendas, face ao ano anterior.
“A grande diferença é que já temos definidos, contratados e prontos a serem produzidos todos os livros que queremos publicar”, acrescentou.
A “nova grande aposta deste ano” é Jorge de Sena, escritor que a Guerra e Paz passou a ter no seu catálogo, cujas obras começam a ser publicadas em março, com um grafismo de capa concebido especialmente para esta nova coleção.
O primeiros livros a serem publicados são “Andanças do Demónio”, “O Físico Prodigioso” e o ensaio “Amor”, “um título menos conhecido do autor.
Em abril, sairá uma nova edição de “O Príncipe”, de Maquiavel, acompanhada pelo ensaio “Maquiavel”, que Sena dedicou a esse singular filósofo e diplomata.
Até junho serão publicados “As Novas Andanças do Demónio” e “Literatura Portuguesa”, uma “viagem pela nossa literatura”, das origens a meados dos anos 70.
Sobre a obra do autor de “Sinais de Fogo”, o editor esclareceu que “não vai haver coletâneas”, pois “o espírito é isolar cada livro” e “fazer com que as pessoas encontrem Jorge de Sena como se fosse a primeira vez”.
Na coleção “Os livros não se rendem”, vão ser publicados ensaios selecionados de autores internacionais, como Isaiah Berlin, de quem serão agora editados “Esperança e Medo: Dois Conceitos de Liberdade” e “História das Ideias, A Busca do Ideal”.
Do filósofo Allan Bloom vai chegar um livro ausente das livrarias há cerca de 20 anos, “A Destruição do Espírito Americano”, que reflete sobre como o espírito da democracia tem vido a ser destruído.
“Allan Bloom defende a leitura dos grandes livros, dos grandes clássicos. Não há ninguém que tenha amado tanto os livros como ele amou os clássicos, e [ele] fala da sua importância para alimentar o espírito da democracia”, afirmou Manuel Fonseca.
Ainda na coleção de ensaios, a Guerra e Paz vai publicar “Tempestades de Aço”, de Ernst Jünger, e o livro póstumo “A Pluralidade dos Mundos, para Uma Teoria Evolucionista do Desenvolvimento Científico”, do “mais antiautoritário filósofo e historiador das ciências, Thomas S. Khun”.
Segundo Manuel Fonseca, este livro acaba de ser lançado pela Universidade de Chicago e a Guerra e Paz foi a primeira editora no mundo a adquirir direitos de tradução.
Outra novidade desta editora é a monumental “História do Fascismo”, do historiador italiano Emilio Gentile, livro de 1.300 páginas agora publicado em Itália e de que Guerra e Paz foi também a primeira editora a adquirir os direitos internacionais, que será publicada em dois volumes.
No que toca a romances, além do já publicado “A Vida Mortal e Imortal de Rapariga de Milão”, de Domenico Starnone, a Guerra e Paz vai apostar na obra “Sede”, da francesa Amélie Nothomb, que foi recebido com grande êxito internacional e que já foi convertido em peça de teatro, com estreia marcada para março em Paris.
Estão ainda previstos o ‘thriller’ “A Casa do Outro Lado do Lago”, de Riley Sager, e a “insólita autoficção” da escritora coreana Baek Se Hee, “Quero Morrer Mas Também Quero Comer Ttokbokki”.
Em língua portuguesa, sairá um romance do escritor brasileiro Paulo Nogueira, “Era uma vez tudo”, um polifónico puzzle de escrita com dez personagens principais, que traça um “belo retrato” do Brasil, abordando temas como questões identitárias e de sexo.
Outra novidade é o romance de estreia de uma autora portuguesa, Fátima Moura da Silva, intitulado “Filhas do Vento”, um livro que o editor confessa que o surpreendeu pela “qualidade literária”, pela “prosa delicada e a boa construção”, que fala de um “universo feminino cativante, interrogando a dimensão da maternidade de forma inovadora e surpreendente”.
A história parte do ano de 1936, quando uma rapariga de 16 anos apanhada pela guerra civil espanhola, única sobrevivente da família, foge a pé para Portugal, onde acaba a viver uma história de amor, da qual nascem quatro filhas com naturezas completamente diferentes.
Entre os clássicos esperados para este ano, conta-se a publicação de “Ferragus”, de Honoré de Balzac, o primeiro de três romances autónomos que, juntamente com “A Duquesa de Langeais” e “A Menina dos Olhos de Ouro”, compõe a trilogia intitulada “História dos Treze”.
Florbela Espanca, Alexandre Herculano e Joseph Conrad – este com a publicação de “O espelho do mar” – são outros autores que chegam às livrarias em 2023.
Um dos destaques deste ano da editora vai para uma aposta portuguesa na sua coleção de atlas, de que saiu já este ano o “Atlas Histórico do Mediterrâneo”, de Florian Louis, e para breve se espera o “Atlas da Primeira Guerra Mundial”, de Yves Buffeaut.
Segundo Manuel Fonseca, vai ser publicado o “Atlas Histórico da Escrita”, da autoria do linguista Marco Neves, que o editor quer que seja internacional, estando a planear vendê-lo a França e ao mundo.
O editor terá também um livro seu editado, um "projeto antigo", que é um livro de crónicas intitulado "Crónica de África", nas quais faz um "ajuste de contas com o passado africano", e que conta com prefácio de Pedro Norton.
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