Geoffrey Rush vai ter direito a 2,9 milhões de dólares australianos [1,79 milhões de euros] no âmbito de um processo de difamação contra a Nationwide News e o jornal Daily Telegraph.
Apesar de menos dos que os 29 milhões de dólares australianos que eram pedidos, o valor é, segundo a BBC News, a maior indemnização a uma única pessoa na história da Austrália.
O ator foi retratado como um "pervertido" e "predador sexual" que "fez um ataque sexual no teatro" em vários artigos de Jonathon Moran publicados em novembro de dezembro de 2017, onde era acusado de comportamentos inapropriados durante a produção da peça "Rei Lear" em 2015, na Companhia de Teatro de Sydney.
Esta indemnização é pelas oportunidades de trabalho perdidas e custos económicos para o oscarizado ator de "Shine" (1996) e estrela de filmes como "O Discurso do Rei" e a saga "Piratas das Caraíbas". A 11 de abril, já tinha ganho oficialmente o processo e viu serem-lhe atribuídos mais de 600 mil dólares.
Na altura, os argumentos de "defesa da verdade" do Telegraph não convenceram juiz Michael Wigney, que agravou o valor da indemnização por causa da má conduta jornalística, descrita como "uma peça irresponsável de jornalismo sensacionalista do pior tipo".
Os advogados de Rush estimavam em cinco milhões de dólares os prejuízos entre a publicação dos artigos e o início do julgamento em outubro de 2018. A sua esposa testemunhou que não queria voltar a representar e veio abaixo quando viu o título do primeiro artigo, "King Leer" [um trocadilho que alude a um comportamento lascivo], em novembro de 2017.
Eryn Jean Norvill, que interpretou a filha de Lear, Cordelia, na produção, não falou com o The Daily Telegraph antes de os artigos serem publicados, mas concordou em testemunhar a favor do jornal no julgamento.
A atriz de 34 anos contou que, enquanto fingia estar morta durante a peça, Rush acariciou a parte lateral do seu peito direito e a anca com a mão.
Rush negou as alegações de que tocou deliberadamente no peito de Norvill, nas suas costas ou debaixo da camisa enquanto ambos estavam nos bastidores e que lhe fez gestos ou comentários obscenos.
O juiz colocou em causa a credibilidade da testemunha, descrevendo-a como "propensa a exagerar e embelezar" e que tinha sido desmentida pelo encenador e dois atores da peça.
Após as acusações divulgadas nos artigos, o ator também pediu a demissão da presidência da Academia de Cinema australiana (AACTA) e não trabalha desde a rodagem de "Storm Boy" em agosto de 2017.
Durante o julgamento, a sua esposa revelou que não queria voltar a representar e veio abaixo quando viu o título do primeiro artigo, "King Leer" [um trocadilho que alude a um comportamento lascivo], em novembro de 2017.
O seu advogado disse que sofria de "falta de sono e ansiedade que requer medicação" e acreditava que o seu valor para a indústria do entretenimento estava "irremediavelmente prejudicado".
Em dezembro de 2018, a atriz da série “Orange Is the New Black” Yael Stone também acusou Rush, em declarações ao The New York Times, de comportamentos sexualmente inapropriados, durante a peça “The Diary of a Madman".
Geoffrey Rush disse que as alegações estavam "incorretas e, em alguns casos, foram retiradas completamente fora do contexto".
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