Porto, Gaia e Matosinhos recebem, a partir desta quarta-feira, 27 de abril, a primeira edição do festival Dias Da Dança, que atravessa os três concelhos, até 7 de maio, num evento descrito por vários criadores da região como uma “grande oportunidade”.
A Lusa falou com diversos criadores e intérpretes sediados no Porto que vão apresentar obras em estreia no âmbito do Dias Da Dança e a receção positiva foi transversal, como no caso de André Mendes, autor de “Hector”, a apresentar no Auditório Municipal de Gaia, no último dia do festival, que salientou a “forte programação para os jovens criadores, para o que é da região”.
Joana Castro, que vai apresentar, com Flávio Rodrigues, o espetáculo “Everlasting”, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, a 03 de maio, frisou a “enorme relevância” do evento, “porque o Porto sempre foi muito escasso de apoios”, mas reconheceu que a cidade nunca esteve “tão viva culturalmente”, em particular nos últimos dois anos.
“Este festival acaba por abrir oportunidades a jovens criadores, é um ponto alto do festival”, disse à Lusa Joana Castro, que lamentou ter mais facilidade em apresentar trabalhos próprios no estrangeiro do que em Lisboa, cidade onde “continua a ser uma luta” conseguir marcar presença e onde só este ano, ao fim de dez de carreira, vai mostrar um espetáculo.
Bruno Senune vai levar à Mala Voadora, no Porto, o seu primeiro solo, intitulado “Kid as King”, na sexta-feira, e destaca o estar a “começar a trabalhar e já ter esta projeção”, no que descreve como um festival positivo para a cidade: “Vão ser duas semanas caóticas, mas superenriquecedoras”, embora admita que é “um pouco assustador” fazer o primeiro solo neste contexto.
Para Flávio Rodrigues, que é, desde 2013, coordenador do serviço educativo do Balleteatro, “é fundamental que haja uma programação de dança contemporânea na cidade” e que o Rivoli o tem feito "e bem”.
Se, por um lado, há uma “aposta muito forte nos criadores do Porto, e isso é maravilhoso”, Flávio Rodrigues salientou que a cidade “sempre teve dança, sempre teve muitos criadores” e espera que aquilo que é o “alternativo, o ‘underground’” não se perca.
“Gostava que as instituições conseguissem apoiar aquilo que está mais subterrâneo, até porque o teatro tem várias salas, vários espaços, uma rua que o circunda. Acho que é tão importante o que acontece no grande palco, como o que acontece numa esquina na rua. Todas as manifestações artísticas são importantes”, disse o coreógrafo.
André Mendes frisou ainda que "a união entre as três cidades" torna "o festival mais forte", porque reúne "infraestruturas completamente diferentes", e disse esperar que o festival possa contribuir para uma maior regularidade na programação de espaços como, por exemplo, o Constantino Nery, em Matosinhos.
O festival Dias Da Dança, organizado em parceria pelos três municípios, sob direção artística de Tiago Guedes, abre hoje com Aimar Pérez Galí, em vários encontros no Balleateatro, no Centro de Dança do Porto e nas Belas Artes, prosseguindo até dia 07 de maio, com múltiplos espetáculos, em espaços como o Cineteatro Constantino Nery, onde Marlene Monteiro Freitas apresenta “Jaguar”, ou Serralves, no Porto, onde Vera Mantero mostra “Os serrenhos do Caldeirão”.
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