“Metàfrasis Lusitana” é o nome da coleção italiana que vai publicar autores portugueses e que começou com a obra “Diário”, traduzida por Maria Antonietta Rossi, informou a associação.

Sebastião da Gama (1924—1952) foi um poeta e professor português, que publicou em vida cinco obras de poesia e uma em prosa. Foram ainda publicadas a titulo póstumo cinco outros livros da sua autoria, um deles este “Diário” (1958).

Editado em Florença pela Lorenzo de’ Meddici Press, com o apoio do Camões Instituto, trata-se de “um poema pedagógico e um documento literário que mantém, volvidas sete décadas, toda a frescura da juventude de um professor e dos seus alunos, toda a crença na formação humana, todo o respeito pelo outro, ambos comungando numa vida de sinceridade e de aprendizagem do mundo”, descreve, no prefácio, João Reis Ribeiro, da Associação Cultural Sebastião da Gama.

A responsável pela coleção, Maria Serena Felici, garante, no texto de apresentação da obra, que o leitor “se encontrará agradavelmente envolvido nos pensamentos, ações, encontros e no quotidiano envolvente de um autor contemporâneo com uma experiência muito densa”.

Maria Serena Felici destaca que a tradutora conseguiu transmitir “a linguagem fresca, fluida e brilhante do original”, escrito entre janeiro de 1949 e junho de 1950, durante o tempo de estágio de Sebastião da Gama na Escola Veiga Beirão, em Lisboa.

Para fazer a tradução, Maria Antonietta Rossi partiu da edição de 2011, a mais recente (a 13.ª), completada com 530 anotações, muitas delas dirigidas para o público italiano.

Maria Antonietta Rossi é professora na Universidade de Siena e tem dedicado o seu percurso académico ao ensino e à investigação no domínio da língua e da tradução portuguesas.

Já em 2010 publicara a obra “Frammenti di ‘Diario’ - Sebastiao da Gama e la língua portoghese” ("Fragmentos de 'Diário’- Sebastião da Gama e a língua portuguesa", em tradução livre), dando a conhecer ao público italiano vários segmentos da obra do poeta e professor português: “a missão do bom professor”, “reflexões linguísticas” e “leitura e compreensão dos textos”.

No estudo introdutório da obra, a tradutora traça o perfil biográfico do autor, afirmando que “Deus, a Poesia, o Sonho, o Amor são as suas razões de vida e as bases de toda a sua produção literária”.

Maria Antonietta Rossi destaca ainda a importância do “Diário”, na medida em que é reforçada para a cultura italiana porque Sebastião da Gama seguiu muitas das ideias do pedagogo italiano Giuseppe Lombardo Radice (1879-1938).

Para Maria Antonietta Rossi, a importância de traduzir esta obra prende-se também com a possibilidade de “tornar acessíveis ao público italiano as estratégias inovadoras de ensino por ele propostas, demasiado modernas”, perante uma sociedade que, na época, era “extremamente conservadora e tradicional”.

A prática pedagógica expressa em “Diário” é vista pela tradutora e professora como a promoção em Portugal do movimento da Escola Moderna, visando “estimular a imaginação e a criatividade” dos alunos através do trabalho colaborativo.

Esta edição será apresentada online, através do link meet.google.com/ndi-vuwi-miq, no dia 29 de março, pelas 17h00 (16h00 em Portugal), pelos professores Salvatore Patera, Mariagrazia Russo e Maria Serena Felici, da Università degli Studi Internazionali di Roma, Cristina Rosa, da Università degli Studi della Tuscia, o responsável da editora italiana, Fabrizio Bagatti, e João Reis Ribeiro, da Associação Cultural Sebastião da Gama.