“Este espetáculo debruça-se muito sobre a memória. Aquilo que lembramos é, ou não, parte real da nossa história?”, questiona a dramaturga e encenadora Tânia Guerreiro, atriz e criadora residente do Teatro do Vestido, coletivo teatral fundado em 2001, em Lisboa, citada numa nota hoje enviada às redações.

O espetáculo teatral, criado a partir do universo literário de Álvaro Laborinho Lúcio, jurista, político, professor e romancista, “explora a forma única como cada um grava em si camadas de realidade e ficção e como as transporta para o encontro com o outro”.

A “encenadora aposta numa estrutura narrativa fragmentada, composta por várias histórias, a que se juntam múltiplas camadas visuais e sonoras”.

“Se nos lembramos é porque é real, mas pode não ter acontecido realmente assim. Mas essa memória, entre fantasia e a realidade, faz parte de nós. Constitui-nos. Cada um lembra o que viveu de uma forma única. E, por isso, o espetáculo também se relaciona muito com a construção da identidade. Quem somos nós e como é que nos podemos encontrar? Penso que só nos encontramos através do encontro com o outro”, acrescenta Tânia Guerreiro.

A peça "[Estávamos] para lá do tempo", com interpretação de António Mortágua, Joana Magalhães e Rui Mendonça, “coloca em cena rememorações fragmentadas da vida de um homem, fazendo dialogar a verdade com a fantasia dessas memórias”.

“Histórias, imagens e sons tocam-se para explorar a possibilidade de o passado individual atravessar o presente e, com ele, continuar pelo futuro”, refere a companhia.

Para Magda Henriques, responsável pela direção artística das Comédias do Minho, a importância do espetáculo assenta na abordagem d'“a questão da verdade”.

“Com esta criação da companhia, exploramos a impossibilidade da posse da verdade, porque ela está para além dos factos. E a ideia de verdade está intimamente ligada a uma ideia de justiça. Pensar a complexidade de uma é pensar a complexidade da outra”, afirma Magda Henriques, também citada na nota.

O espetáculo desenvolve-se, segundo a sinopse, em torno da história de “um homem que, num lugar e tempo imprecisos, rememora parte da sua existência, na tentativa de resgatar e reconstituir momentos de vida e encontros que o constituem como ser humano”.

“Questiona-se sobre a realidade, a fantasia e a (im)possibilidade de alcançar a verdade, e prossegue na procura da fala essencial. Num mesmo lugar e tempo imprecisos, um homem (outro?) perde a sua identidade. No desafio do reencontro consigo mesmo prossegue, também, ‘na busca incessante do sublime’. Nesse mesmo lugar e tempo, uma mulher. A memória. O amor. O sublime. A liberdade. Uma imensidão de possibilidades”, descreve a companhia.

Stéphane Alberto assina o espaço cénico e os figurinos, Ricardo Baptista é responsável pelo som, Vasco Ferreira pelo desenho de luz e vídeo, Catarina Fernandes pelo desenho digital em vídeo E David Paredes pela construção de cenário.

O espetáculo teatral, que resulta de um processo criação colaborativo iniciado em 2020, encerra um ciclo de quatro anos de programação que a companhia Comédias do Minho dedicou à “ideia de justiça, trabalhada a partir da diversidade de olhares e de múltiplos caminhos”.

A estreia da peça sofreu vários adiamentos motivados pela pandemia de covid-19, estando agora agendada a estreia para o próximo dia 15, às 21h30, no auditório da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE), em Valença.

Até 25 de fevereiro, o espetáculo vai percorrer os municípios de Monção, Vila Nova de Cerveira, Melgaço e Paredes de Coura.

Sempre às 21h30, a peça sobe ao palco do cineteatro João Verde, em Monção, no dia 22 de janeiro e, no dia 29, estará em cena no cineteatro de Vila Nova de Cerveira.

Já em fevereiro, no dia 18, é apresentada na Casa da Cultura de Melgaço e, no dia 25, em Paredes de Coura, na Caixa da Música.

A Associação para a Promoção de Atividades Culturais no Vale do Minho - Comédias do Minho foi criada em 2003, fruto do investimento e da colaboração dos municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira.

A companhia, com sede em Paredes de Coura, assenta a sua atividade em três eixos de intervenção: o teatro, um projeto pedagógico, apostando na formação artística dos jovens, e um projeto comunitário, difundindo e dinamizando projetos das comunidades, apoiando também a formação de grupos de teatro amadores.

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