O suíço Christoph Marthaler, o alemão Thomas Ostermeier e o belga Wim Vandekeybus estão entre os criadores que vão apresentar novos espetáculos no 39.º Festival de Almada, que decorre em julho e cuja programação foi hoje anunciada.

O Festival de Almada “regressa ao seu formato tradicional” entre 04 e 18 de julho, repartido por nove palcos entre Almada e Lisboa. A programação da 39.ª edição, anunciada hoje em conferência de imprensa em Almada, inclui 20 espetáculos, sete dos quais portugueses e 13 internacionais.

Entre as produções internacionais, contam-se “espetáculos de destacados criadores estrangeiros, como o norte-americano Robert Wilson [anunciado em maio], o suíço Christoph Marthaler, o alemão Thomas Ostermeier, ou o belga Wim Vandekeybus”.

Robert Wilson traz ao Festival de Almada uma nova versão da peça “I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating”, que se estreou em 1977 com Lucinda Childs.

A nova versão, apresentada em 2021 no Festival d’Automne, em Paris, será interpretada pelo ator alemão Christopher Nell e pela bailarina australiana Julie Shanahan.

Christoph Marthaler irá apresentar “Aucune idée”, um espetáculo “concebido durante o período de confinamento, e que assenta na sua cumplicidade artística com o prodigioso ator escocês Graham F. Valentine”.

Thomas Ostermeier leva a Almada “ödipus”, espetáculo no qual “revisita o mito de Édipo numa versão da dramaturga Maja Zade passada na Atenas contemporânea”.

Já Wim Vadekeybus vai apresentar “Hands do not touch your precious Me”, criação na qual o coreógrafo belga colabora com o escultor francês Olivier de Sagazan, “que interpreta em cena uma figura de argila feita com o seu próprio corpo”.

“As encenadoras Dorothée Munyaneza (do Ruanda) e Nadège Prugnard (de França) assinam duas criações no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França 2022. A Companhia de Teatro de Almada estreia ‘Noite de Reis’, de Shakespeare, com encenação de Peter Kleinert, e o novo circo também fará parte desta edição, com a apresentação da trupe francesa Baro d’Evel e dos ingleses Gandini Juggling”, anunciou a organização.

A 39.ª edição fica ainda marcada “pelo regresso de criadores e companhias que ao longo dos anos têm estabelecido relações com o público do festival”, como o ator italiano Ascanio Celestini, o grupo alemão Familie Flöz, o ator espanhol Ángel Ruiz, o grupo madrileno La Tristura e a dupla Azkona&Tolosa.

Os espetáculos portugueses que integram a programação “são representativos de várias gerações de criadores e companhias do teatro português”, com Carlos Avilez (Teatro Experimental de Cascais), Jorge Silva (Teatro dos Aloés), António Pires (Teatro do Bairro), Marco Martins (Arena Ensemble), Pedro Carraca (Artistas Unidos) e Rita Calçada Bastos.

Carlos Avilez apresenta “Eu sou a minha própria mulher”, de Doug Wright, “um dos textos mais premiados da dramaturgia norte-americana dos últimos anos”, Jorge Silva dirige “uma das peças mais célebres” de Edward Albee, “Em casa, no zoo”, António Pires repõe uma criação que estreou no Convento do Carmo no ano passado, “Sonho”, de Strindberg, e Marco Martins aborda em “Selvagem” a tradição das máscaras nas celebrações pagãs do sul da Europa, colocando lado a lado as culturas de Trás-os-Montes e da Sardenha.

Já Pedro Carraca, em “Taco a taco”, aborda o tema do ‘bullying’, partindo do universo da dupla de autores escoceses Kieran Hurley e Gary McNair, e Rita Calçada Bastos, em “Se eu fosse Nina”, “especula sobre as relações entre a ficção e a realidade, inventando uma Nina, a célebre personagem de Tchekov, prisioneira dentro de um teatro”.

Além dos espetáculos, a programação do festival inclui exposições, uma das quais de dedicada ao cenógrafo José Manuel Castanheira, personalidade homenageada nesta edição, encontros com criadores e concertos de Músicas do Mundo, todos os dias e com entrada livre, na esplanada da Escola D. António da Costa.

O festival irá decorrer no Teatro Municipal Joaquim Benite, Palco Grande da Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Teatro-Estúdio António Assunção e Incrível Almadense, em Almada, e no Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

A programação completa do 39.º Festival de Almada pode ser consultada ‘online’.