Como corpos em movimento são capazes de coreografar o possível dentro do impossível foi a pergunta lançada pelos curadores Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel

A 35.ª edição da bienal de arte contará com mais de mil obras de diferentes linguagens criadas por 121 artistas, incluindo os portugueses Carlos Bunga e Raquel Lima, sendo 80% dos participantes selecionados negros, indígenas ou não brancos.

Segundo informações divulgadas pelos organizadores da mostra, a proposta surgiu como um projeto comum “em redor de múltiplas possibilidades de 'Coreografar o Impossível'. Como o título sugere, trata-se de um convite às imaginações radicais a respeito do desconhecido, ou mesmo do que se figura no marco das impossibilidades de possibilidades.”

Numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira, em São Paulo, a curadora Diana Lima explicou que será “uma exposição que pensa muito na relação com a linguagem, os modos como a linguagem artística é impactada pelo quotidiano, pelos problemas sociais.”

“Nesta bienal, há muitas obras que vão de facto trazer o impossível - as dores, as dificuldades como matriz do seu desenvolvimento -, mas que te apresentam através de uma estratégia de beleza, de encantamento, de sedução, quer dizer, de como endereçar problemas difíceis, temas que cruzam a nossa vida”, acrescentou o curador Hélio Menezes.

A Bienal de São Paulo selecionou sobretudo artistas do Brasil, mas também de países como México, Estados Unidos da América, Canadá, Portugal, Espanha, França, Itália, Gana, Filipinas, Guatemala, Gana, Líbano e África do Sul.

Num texto divulgado anteriormente, os organizadores destacavam que os artistas selecionados “desafiam o impossível em suas mais variadas e incalculáveis formas. Vivem em contextos impossíveis, desenvolvem estratégias de contorno, atravessam limites e escapam das impossibilidades do mundo em que vivem.”

Uma das inovações da edição de 2023 será o projeto do escritório de arquitetura Vão, que propõe uma abordagem inovadora para a coreografia do próprio espaço do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, e que abriga a Bienal de São Paulo desde a sua segunda edição, em 1953.

Quando a mostra arrancar hoje, o público verá o vão do pavilhão fechado pela primeira vez na história, num projeto que busca desconstruir as convenções modernistas do edifício, para criar um fluxo de movimento entre as obras de arte e os visitantes.

A 35.ª Bienal de São Paulo tem entrada gratuita e acontece até 10 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, zona sul da cidade brasileira de São Paulo.