“É muito importante que em 2024, durante o ano de 2024, nós possamos estar aqui para inaugurar a biblioteca”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), na apresentação do projeto, com uma visita ao local.

Dando os parabéns ao escritor, o autarca enalteceu o “orgulho imenso” da capital de poder ser a “nova casa” do espólio de Lobo Antunes, que “é muito mais do que Portugal”, já que em cidades como Nova Iorque, Paris e Londres é considerado como “o maior do mundo”.

“Que esta biblioteca seja do mundo e para o mundo”, disse, esperando que a obra, com um valor estimado de cerca de dois milhões de euros e a ser concretizada no âmbito de um protocolo entre a Câmara de Lisboa e a empresa Teixeira Duarte (mecenas do projeto), possa estar concluída “rapidamente”, sem atrasos.

Carlos Moedas afirmou que a futura biblioteca António Lobo Antunes, localizada no edifício da antiga Fábrica Simões, será um novo ponto de referência para quem visita a cidade, permitindo “criar outra centralidade muito importante para o turismo”.

António Lobo Antunes, que nasceu em Benfica, em 01 de setembro de 1942, não esteve presente na apresentação do projeto, “por motivos de saúde”, mas foi representado pela filha Joana Lobo Antunes, que disse que o escritor “está muito contente por ver este projeto antigo acontecer”, o que permite acolher o seu espólio literário, constituído por cerca de 20 mil títulos, manuscritos e outros documentos, e doado pelo autor à cidade.

“Estamos muitos contentes, o meu pai e todos nós, por a biblioteca ficar em Portugal, em Lisboa, e, em particular, em Benfica, onde o meu pai nasceu e cresceu”, realçou Joana Lobo Antunes, que reside nesta freguesia, elogiando o espaço: “Vai ficar lindíssima e será um prazer voltar aqui, para a ver já com os livros no sítio.”

A filha de António Lobo Antunes sublinhou que “a literatura é imortal”, esperando que o trabalho do escritor “perdure muitos mais anos no tempo”.

O presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), manifestou a “paixão por este projeto”, que existe desde 2012 e é um “sonho há tanto adiado”, referindo que o equipamento público é uma necessidade nesta zona norte da cidade, inclusive para os estudantes.

“A biblioteca Lobo Antunes está no sítio certo, que é no seu bairro de nascimento”, declarou, revelando que o projeto começou a avançar após ter sido informado pelo escritor de que o seu espólio poderia sair do país e ter comunicado essa situação ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 2018, durante as Marchas Populares de Lisboa.

Como mecenas do projeto, apesar de se desconhecer para já o valor total da doação, que terá de ser aprovado em reunião da câmara, o presidente da administração da Teixeira Duarte, Manuel Teixeira Duarte, destacou a missão da empresa de contribuir “para a construção de um mundo melhor”, defendendo que o mundo “fica melhor com esta biblioteca e com pessoas como o escritor António Lobo Antunes”.

Manuel Teixeira Duarte explicou que a futura biblioteca municipal, que será apoiada por um parque de estacionamento público em cave com 329 lugares, integra um empreendimento em construção pela empresa, com cerca de 40 mil metros quadrados, com cerca de 250 fogos habitacionais. A obra “está praticamente concluída”.

Depois da visita ao espaço da futura biblioteca, os autarcas foram a pé até ao Palácio Baldaya, para soprar as velas do 5.º aniversário deste espaço cultural de Benfica, com o presidente da junta a pedir a reabertura do cineteatro Turim em 2023 e com o vereador da Cultura, Diogo Moura (CDS-PP), a apontar a existência de vários projetos que permitirão dar a esta freguesia uma maior centralidade.

Lembrando o compromisso de ter “um teatro em cada freguesia”, Carlos Moedas disse que Benfica pode ser uma das primeiras a receber um novo espaço cultural, como, por exemplo, salas de criatividade ou de ensaio.