“Acho que isto é uma tentativa de politizar um concurso e não concordo com a politização dos concursos”, afirmou Rui Moreira, em reação a uma proposta apresentada pela CDU para que a câmara intercedesse em defesa do teatro independente no Porto, nomeadamente da companhia Seiva Trupe, que foi considerada elegível, mas não proposta para os apoios concedidos pela DGArtes.

A proposta da CDU, rejeitada hoje com os votos contra dos vereadores do PSD e do movimento independente de Rui Moreira, com a abstenção do PS e voto favorável da CDU e do BE, visava manifestar ao ministro da Cultura a preocupação com o futuro do teatro independente, “apelando a que o Governo tome as medidas necessárias para a sua defesa e promoção”.

Rui Moreira afirmou que continuará a apoiar a Seiva Trupe, dizendo não se rever “numa recomendação que, para todos os efeitos, propõe que se violem as regras que estão instituídas no concurso”.

“Incomoda-me muito estar a questionar o Governo quando há uma duplicação de verbas, quando há um júri independente da DGArtes e quando esse júri não classificou a Seiva Trupe com a classificação suficiente”, disse, lembrando que “há muitos e muitos anos que a Seiva Trupe não tem sido qualificada para estes apoios”.

O autarca independente adiantou ainda que o município tem vindo a negociar com os proprietários a locação da Sala Estúdio Perpétuo, onde atualmente aquela companhia exerce atividade, para “que haja condições para que aquela seja uma sala de teatro”.

“Esta sala não vai ser apenas para a Seiva Trupe, mas para outras entidades e atividades”, referiu.

A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, mostrou-se disponível para retirar da proposta os pontos que poderiam levar a questionar a atuação no concurso, dizendo que o principal intuito da recomendação é "manifestar preocupação com o teatro independente e o seu futuro na cidade".

Pelo PS, a vereadora Rosário Gamboa manifestou preocupação pelas companhias que não foram contempladas pelo concurso da DGArtes, como a companhia Seiva Trupe e Pé de Vento, mas lembrou que se “trata de concurso”, sendo “evidente” que “não é responsabilidade da DGArtes, mas de um júri independente”.

“O concurso não terminou, estamos em fase de audiência de resultados, não sabemos qual é o resultado da Seiva Trupe e do Pé de Vento (…) Esta preocupação existe, mas também existe o respeito pelas regras do concurso”, afirmou.

Destacando que esta “é uma preocupação de todos”, o vereador do PSD Vladimiro Feliz afirmou que a proposta é “redutora” ao focar-se apenas no problema das entidades do Porto e que, ao focar-se no ministro da Cultura, “politiza” o assunto.

“O mérito deverá sempre prevalecer (…). Com esta proposta estamos a tentar que o ministro interfira no resultado do concurso. É um principio contrário ao que defendemos”, referiu.

Já a vereadora do BE, Maria Manuel Rola, salientou que a Seiva Trupe “foi excluída por não haver financiamento”, associando-se às preocupações da CDU.

“Estamos solidários com esta questão”, acrescentou.

Na reunião foi também rejeitada, com os votos contra dos vereadores do PS, PSD e movimento independente de Rui Moreira, e os votos a favor do BE e CDU, a proposta do BE para que a câmara defendesse no Conselho de Fundadores do Museu de Serralves a reposição do acesso gratuito ao museu aos domingos e feriados de manhã.

A proposta do BE levou a que a presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, endereçasse uma carta a Rui Moreira, esclarecendo que a Fundação de Serralves é “uma fundação privada com estatuto de utilidade pública” e que já disponibiliza o cartão Amigo, que “permite o acesso ilimitado a todos os espaços de Serralves”, bem como descontos.

Sobre a gratuitidade de entrada aos domingos e feriados de manhã, Ana Pinho sustenta que “é não só totalmente injustificada, como colocaria em risco a sustentabilidade da Fundação de Serralves”.