“É sempre uma surpresa quando temos este tipo de notícias, porque não deixam de ser um reforço ou uma confirmação do nosso trabalho e um reconhecimento de que havia interesse no projeto e, nesse sentido, claro que é surpreendente”, disse Sara Inês Gigante, em declarações à agência Lusa.

A criadora disse ainda estar surpreendida por ter vencido uma vez que sabe que há sempre muitos concorrentes, frisando que, "nestas coisas [...], uma pessoa tende sempre a pensar que não foi suficiente”.

Sobre a ideia para a conceção de “Popular”, Sara Inês Gigante disse à Lusa que “surgiu do rasto de 'Massa mãe'”, a sua segunda criação, espetáculo que estreou no ano passado e onde “sentiu mais a sua identidade artística”.

A sua segunda criação deixou-lhe vontade de continuar, começando então a questionar-se sobre “o próprio conceito de popular”.

Por achar que “Massa mãe” tinha “um pouco de popular na sua génese”, a criadora começou depois a interrogar-se sobre “o que é isso de popular”.

“E daí nasce uma série de novas perguntas, de novos conceitos em que me apetece mergulhar", acrescentou, sublinhando "que também têm a ver com o questionamento da nossa identidade cultural e social".

Para a criadora, o desafio passa igualmente pela possibilidade de "brincar com uma série de significados da palavra popular não só no sentido de tradicional, mas também no de popularidade e de pop”.

Nascida em Viana do Castelo, em 1994, e residente em Lisboa, Sara Inês Gigante formou-se na ACE - Teatro do Bolhão, no Porto, e licenciou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, no ramo de Atores.

Trabalhou com encenadores como Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Alex Cassal, Gustavo Ciríaco, Pedro Gil, Catarina Requeijo, Tiago Guedes, Raquel Castro e Bruno Bravo, entre outros.

Em 2021 estreou-se como criadora, com o espetáculo "Yolo" e, em 2022, apresentou a nova criação "Massa Mãe", que tem levado a diferentes palcos do país, desde a estreia em junho nos Festivais Gil Vicente, em Guimarães.

A Bolsa Amélia Rey Colaço é uma iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), e o Teatro Viriato (Viseu), com o objetivo de apoiar a produção de espetáculos de jovens artistas e companhias emergentes.

O prémio contempla um montante de 24.000 euros, acesso a várias residências artísticas e a possibilidade de apresentar o espetáculo nos quatro teatros parceiros.

A sexta edição da bolsa Amélia Rey Colaço contou com 43 candidaturas que foram submetidas à apreciação do júri, composto pelos diretores artísticos do Teatro Nacional D. Maria, d'O Espaço do Tempo e do Teatro Viriato, Pedro Penim, Pedro Barreiro e Henrique Amoedo, respetivamente, mais o programador artístico do Centro Cultural Vila Flor, Rui Torrinha.

Criada em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu papel na História do Teatro Português, a Bolsa é atribuída anualmente e está direcionada para jovens artistas e companhias emergentes.