A criação, que aborda a violência ligada ao racismo, será apresentada no âmbito da Bienal de Arte Contemporânea Bo.CA e ficará patente até 15 de outubro, acompanhada por um programa público de quatro sessões de debate, música e exibição de filmes sobre identidades e pertença.

Chaile irá colocar a escultura “Auto-Retrato” frente a frente com a peça “Alcindo Monteiro”, na Praça do Carvão do MAAT, numa ação em que o centro é a troca de olhares e histórias, para promover a tolerância e a empatia, segundo a programação da bienal.

Alcindo Monteiro, "jovem português, nascido em Cabo Verde, brutalmente assassinado em 1995, num crime que expôs, e continua a expor, o racismo estrutural que encontra espaço e legitimação no país", será lembrado nesta instalação, segundo o texto da Bo.CA.

Nascido no Mindelo, em Cabo Verde, em 1967, Alcindo Monteiro veio viver para Portugal com a família ainda criança, e residia no Barreiro. Na noite de 10 de junho de 1995, em Lisboa, foi violentamente espancado por um grupo de ‘skinheads´ na zona do Chiado, e viria a morrer de múltiplos traumatismos.

Gabriel Chaile, que cresceu na cidade de San Miguel de Tucumán, no norte da Argentina, tem desenvolvido uma prática artística assente na investigação de comunidades empobrecidas, rituais e hábitos do seu país.

Grande parte da sua produção artística recente inclui objetos escultóricos como potes e fornos de barro que, muitas vezes, assumem traços antropomórficos.

O artista "procura invocar a memória de pessoas e marcos da resistência civil a partir dos rituais comunitários e celebratórios em torno da comida, na sua sabedoria e fazer ancestral, na sua dimensão de cura e na sua multifunção de alimentação do corpo, da alma e dos espíritos", indica o texto da programação.

Em 2020, a Câmara Municipal de Lisboa inaugurou uma placa em homenagem a Alcindo Monteiro na Rua Garrett, local onde foi atacado, como símbolo do combate ao racismo e à intolerância.