Já este mês, a editora lança, pela primeira vez em português, um novo ensaio da ativista norte-americana, e ícone dos movimentos negro e feminista, Ângela Davis, “As Prisões Estão Obsoletas?”, com prefácio e tradução de Sadiq S. Habib.

Nesta obra, Angela Davis debruça-se sobre o conceito e a prática do encarceramento, apontando-o como herança do sistema esclavagista nos EUA, propondo a transformação radical da forma como a sociedade contempla a punição, o desmantelamento de estruturas que condenam minorias ao encarceramento e a procura de formas alternativas aos atuais sistemas prisionais.

Angela Davis esteve inédita em Portugal até a Antígona publicar, em 2020, “A liberdade é uma luta constante”, livro de ensaios, entrevistas e discursos sobre as lutas contra a violência de Estado e a opressão em vários pontos do mundo.

Antes, em 1975, tinha apenas sido editada a coletânea "Angela Davis Fala", vinda do início dessa década, quando da prisão da ativista, nos EUA, em 1970, acusada de estar envolvida no assalto a um tribunal da Califórnia, de que viria a ser ilibada, após a sua libertação, em 1972. Essa coletânea, então publicada pela antiga Editorial Notícias, combinava declarações de Angela Davis, com artigos e depoimentos dos seus companheiros de luta e do comité para a sua libertação.

Outra novidade da Antígona é o lançamento do segundo volume daquela que é a primeira tradução portuguesa de “Diário”, de Witold Gombrowicz, considerada a grande obra-prima do escritor polaco e um dos maiores autores de vanguarda do século XX.

Para lá de ser considerado a sua ‘magnum opus’, “Diário” é a obra mais pessoal, mas também a mais universal de Witold Gombrowicz, cujo segundo volume vai ser publicado em outubro, com tradução direta do checo.

Rita Gombrowicz, viúva e responsável legal pela publicação póstuma dos escritos do escritor, descreve “Diário” como uma “autobiografia em movimento, ensaio e obra de arte”, um livro “incomparavelmente rico”, que “ocupa um lugar único na literatura contemporânea”.

O primeiro volume, publicado no ano passado também pela Antígona, relata a chegada de Witold Gombrowicz à Argentina, a bordo do transatlântico Chobry, em 1939, em vésperas de rebentar a Segunda Guerra Mundial, que o obrigou a um exílio de mais de duas décadas.

Com parcos recursos e isolado, foi neste país – tornado numa segunda pátria - que escreveu o grosso da sua obra.

Proibido pelo regime comunista, o livro só foi publicado na Polónia em 1986, dezassete anos após a morte do escritor.

Neste segundo e derradeiro volume do “Diário”, destaca-se o regresso do autor à Europa – Alemanha e França –, depois de vinte e quatro anos na Argentina.

Ainda em outubro, a Antígona traz outra autora inédita, Claudia Rankine, de quem publica o multipremiado “Cidadã”, livro sobre atos de racismo quotidiano, em prosa poética.

“Audacioso também na forma, conjugando texto e imagens (de artistas como Carrie Mae Weems, Nick Cave ou Glenn Ligon), é um livro urgente em tempos de debate sobre raça e igualdade”, descreve a editora.

Em novembro chega Dany Laferrière em “dose dupla”, com “O grito dos pássaros loucos”, um romance sobre a condição do exilado e o desenraizamento de homens vítimas de homens, e “Como fazer amor com um negro sem se cansar”, uma sátira feroz aos estereótipos racistas, que foi adaptada ao cinema por Jacques Benoît, em 1989.

Ainda no mesmo mês, será publicado “100 Boas Razões para me Suicidar Aqui e Agora + 12 Maneiras de Escapar ao Natal”, um novo livro de Roland Topor que aqui chega como um “dois-em-um”, segundo a editora, que descreve estes dois breves textos como “tão úteis como pertinentes numa sociedade onde fazer gazeta à consoada é crime de lesa-majestade e as boas razões para falecer nem sempre nos ocorrem em momentos de aperto”.

Do mesmo autor, a Antígona publicou anteriormente “A cozinha canibal”.

Outra novidade da 'rentrée' literária, que chegou este mês às livrarias, é “Memória do Fogo I. Os Nascimentos”, de Eduardo Galeano, a obra de maior fôlego do escritor uruguaio, fruto de anos de investigação e escrita.

Esta trilogia desafia as categorias de história e ficção, e tenta “resgatar a história viva das Américas em todas as suas dimensões, aromas, cores e dores”, traçando a vida de um continente desde os tempos pré-colombianos até aos anos 80.

O primeiro volume estende-se das mitologias indígenas sobre a formação do continente ao início do século XVIII e põe em confronto o Velho e o Novo Mundo.

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