A estreia ocorre a 13 de novembro, na véspera do aniversário do Teatro Experimental de Cascais (TEC), que assinala 57 anos - foi fundado em 1965 -, “que têm sido muito difíceis”. Por isso, uma comédia serve também para “desanuviar” a companhia de todos os problemas com que se confrontam todos os que fazem teatro hoje, em Portugal, disse ainda Carlos Avilez, que este ano também comemora 60 anos como encenador profissional.

Umas décadas depois de ter feito comédias de autores portugueses como “A maluquinha de Arroios” (1977) e “O comissário de polícia” (1968), de André Brun e Gervásio Lobato, o diretor do TEC volta agora à encenação de um texto do jornalista e escritor português Eduardo Schwalbach (1860-1946).

“Acho que nesta altura era necessário, depois destes espetáculos todos que eu fiz, voltar a fazer uma comédia, achei que era importante isso”, sobretudo uma comédia portuguesa, “porque as comédias dessa época “eram muito bem construídas”.

Além disso, e apesar de esta comédia “ter duas versões, uma de finais do século XIX e outra de 1934”, a história “mantém-se atual”, frisou Carlos Avilez.

A luta por lugares no poder, por lugares de ministros, em particular, e todos os conflitos que provoca constituem a base da trama desta comédia “divertidíssima” em que “a brincar podemos dizer coisas muito sérias”, acrescentou.

Para o encenador, nesta altura era “importante, tanto para a companhia, como para o público” fazer algo com que as pessoas se divertissem mais.

“Numa altura em que as pessoas estão preocupadas com o aumento do custo de vida, entre outros tantos problemas”, faz falta “fazer rir e ao mesmo tempo fazer pensar”, disse.

Mas é "difícil fazer comédia”, garante Avilez, porque “fazer rir e fazer pensar ao mesmo tempo é muito complicado”.

Embora o texto que agora é posto em palco pelo encenador tenha uma primeira versão escrita nos últimos tempos da monarquia em Portugal, a ação remete para alturas de conflitos e tensões sociais que causam clima de agitação.

Numa constante queda de ministros, também as “senhoras ministras, ou seja, as mulheres dos ministeriáveis” promovem entre si conspirações várias para ver quem chega ao poder.

Com adaptação de Renato Pino, cenografia e figurinos de Fernando Alvarez e desenho de luz de Rui Monteiro, a peça tem composição e canções de João Paulo Soares, com letras de Renato Pino e coreografia de Cláudia Nóvoa.

A interpretar estão Carolina Faria, Flávia Gusmão, Joana Pais de Brito, Luiz Rizo, Miguel Loureiro, Renato Pino, Rita Loureiro, Rodrigo Tomás, Sérgio Sila, Teresa Côrte-Real e Tobias Monteiro.

Apesar das dificuldades de fazer teatro em Portugal – e com 30 anos a dirigir a Escola Profissional de Teatro de Cascais -, Carlos Avilez não pára.

“A noite dos assassinos”, do dramaturgo cubano José Triana, uma história que remonta aos anos 1950, antes da revolução de 1959 em Cuba, é a próxima produção do TEC, com estreia prevista para 27 de março de 2023.

A interpretar estarão, entre outros, Elmano Sancho, Teresa Coutinho e Lia Carvalho, acrescentou Carlos Avilez.

“A Sr.ª Ministra” fica em cena até 18 de dezembro, com sessões de quarta-feira a sábado, às 21:h00, e domingo, às 16h00.