Com imagens captadas entre 25 de Abril de 1974 e novembro de 1975, a mostra e o livro que a acompanha, “50DE25 - Da Velha Senhora aos Heróis da Malta”, constituem "o testemunho visual do fotojornalista Luiz Carvalho, enquanto jovem de 19 anos, que foi acordado com o comunicado do MFA, no seu pequeno transístor na mesa de cabeceira", lê-se na apresentação da mostra, no 'site' da SNBA.

Segundo o fotojornalista, a seleção das imagens é "mais afetiva do que documental, pouco cronológica", como escreveu quando do lançamento do livro, em 2024. "São imagens que consegui fazer, não sendo na altura um jornalista a tempo inteiro, sem agenda e disponibilidade para estar sempre onde acontecia qualquer coisa. E aconteciam muitas coisas ao mesmo tempo."

O dia 25 Abril, o primeiro 1.º de Maio, a tentativa de golpe de 11 de março, o 25 de novembro, o cerco à Assembleia Constituinte, a reforma agrária, a manifestação da Fonte Luminosa, com Mário Soares, então secretário-geral do Partido Socialista, "os soldados de punho no ar" e "o povo alegre entre a ingenuidade, a força dos partidos da esquerda e o fim da festa, um pouco de tudo isso passa por estas fotografias", descreve o texto da SNBA.

Passados 50 anos, Luiz Carvalho "recuperou negativos adormecidos, editou de novo todo o material então captado (muitas fotografias acabaram por não sobreviver à edição final) e tentou uma narrativa que pudesse contar em imagens o que foi o período escaldante da aventura política desse tempo."

Para Luiz Carvalho, "foi uma experiência única como cidadão e como fotógrafo em princípio de carreira". "Desejo que esta história possa contribuir para um melhor conhecimento do que fomos e que ainda hoje influencia a cultura cívica portuguesa", afirma, citado pela SNBA.

Luiz Carvalho, antigo editor de fotografia e multimédia do semanário Expresso, atual responsável pelo programa Fotobox, na RTP3, nasceu em Lisboa em setembro de 1954. Licenciou-se em Arquitetura, que exerceu até finais dos anos de 1970, quando passou a dedicar-se em exclusivo ao fotojornalismo.

A carreira, porém, tem raízes em 1972, quando publicou as primeiras fotos na antiga revista semanal Observador. Mais tarde, firmou-se através do trabalho para os jornais O Primeiro de Janeiro e Tal & Qual, para a revista Grande Reportagem, como correspondente da agência Sipa Press, em Lisboa, e como 'stringer' da Associated Press. Entrou para o Expresso em 1989, onde trabalhou mais de duas décadas. Lecionou na Universidade Autónoma e continua a dar cursos de fotografia.

Ao longo do percurso, expôs no Mois de La Photo, em Paris, em 1982, foi selecionado para a mostra "Fotografia Europeia Contemporânea”, da Galeria Canon, de Amesterdão, em 1983, mostrou o trabalho de "Uma Semana em Timor", nos Paços do Concelho de Lisboa, em 1999, e levou "Imagens da Vida Real" ao Centro Cultural de Cascais, em 2001.

Entre as suas exposições contam-se "Memórias de Lisboa", "Cidades em Movimento" e "Lisboa & Lisboetas", que esteve no arquivo fotográfico municipal de Lisboa, em 2001, de que resultou o catálogo homónimo.

Entre os seus trabalhos em livro contam-se “Portugueses” (1985), "Ao correr do Tempo" (2013), "Sons do Douro: Caderno de Viagens" (2018).

Luiz Carvalho recebeu o Prémio Gazeta de Jornalismo, em 1991, e o prémio Visão, em 2005. Está representado nas coleções da Fundação Calouste Gulbenkian, do Centro Português de Fotografia, da Biblioteca Nacional de Paris e das fundações PLMJ e Saragga Leal, entre outras.