Uma mistura de rostos e figuras humanoides em tons esverdeados em constante mutação compõe a abertura com os créditos da série, protagonizada por Samuel L. Jackson, que interpreta Nick Fury, um superespião que persegue Skrulls, alienígenas que caminham entre nós sem serem detetados, por poderem adaptar-se a formas humanas.

A proposta da cena era inerente à temática da série, que se estreou na plataforma Disney+ esta quarta-feira, 21 de junho, explicou o realizador Ali Selim à publicação Polygon. "Surgiu diretamente da identidade do mundo Skrull que muda de forma, percebe? De nos perguntarmos 'Quem fez isto?', 'Quem é este?'", disse.

A cena ficou a cargo da empresa de efeitos visuais Method Studios. "Falávamos com eles sobre ideias, temas e palavras, e o computador fazia alguma coisa", detalhou Selim. "Depois, podíamos mudar isso um pouco usando palavras."

A revelação gerou críticas e preocupação em Hollywood, onde o sindicato de argumentistas está em greve há semanas, pedindo melhores condições salariais e definições sobre o papel que a inteligência artificial exercerá na indústria.

"Estou muito preocupado pelo impacto que isso terá", tweetou Jeff Simpson, que faz parte de uma das equipas de artistas visuais de "Invasão Secreta". "Acredito que a inteligência artificial não é ética, é perigosa e foi desenhada unicamente para eliminar as carreiras dos artistas", acrescentou.

A Method Studios afirmou que a inteligência artificial é "apenas uma das ferramentas" usadas pelos seus artistas, segundo comunicado enviado ao The Hollywood Reporter. "A incorporação dessas novas ferramentas não substituiu o trabalho de nenhum artista, mas complementou e ajudou nossas equipas criativas", diz o texto.

O medo de que a inteligência artificial substitua o trabalho de criadores foi levantado nas negociações fracassadas entre o sindicato de argumentistas dos Estados Unidos (WGA) e os estúdios e plataformas de streaming. Jon Lam, um artista da indústria audiovisual, disse que usar a inteligência artificial nessa cena era como "aplicar sal à ferida de todos os artistas e argumentistas na greve do WGA".

O sindicato, que representa 11.500 escritores da indústria audiovisual, é contrário a que produções robóticas sejam consideradas material literário, e que seus guiões sejam usados para treinar a inteligência artificial. Mas os estúdios recusaram os pedidos e propuseram uma reunião anual para "discutir os avanços da tecnologia", de acordo com o sindicato.