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"Little Bird: As Crianças Roubadas", série vencedora de vários prémios segue uma das muitas jovens indígenas entregues para “adoção” forçada a famílias brancas, estreia-se a 4 de março na Filmin.
De acordo com o serviço de streaming, os episódios centram-se no sequestro de crianças nos anos 60 no Canadá, quando o governo separou à força milhares de crianças indígenas das suas famílias, através da comovente história de Esther, uma mulher que, na véspera do seu casamento, tenta reconstruir o seu passado.
"No final dos anos 60, Bezhig Little Bird, uma menina de cinco anos, é retirada à força da reserva de Long Pine e adotada por uma família judaica em Montreal, que a renomeia como Esther Rosenblum. Quando faz 20 anos, desesperada para reencontrar a sua família biológica, Bezhig viaja pelas pradarias canadenses para desvendar o mistério que envolve a sua adoção", resume a plataforma em comunicado.
Estas “adoções” forçadas afetaram mais de 20 mil crianças indígenas. "Little Bird - As crianças roubadas" foi premiada pela Academia Canadiana de Cinema e Televisão com 13 prémios, incluindo o de Melhor Série, e ganhou o Prémio do Público no festival francês Series Mania e o Prémio de Melhor Série na Secção Oficial do Serielizados, onde o júri destacou a sua narrativa forte e poética.
"A minha mãe tinha acabado de fazer 17 anos quando eu nasci", conta Jennifer Podemski, a criadora da série. "Os assistentes sociais tiraram-me do hospital e puseram-me num lar de acolhimento. Graças aos esforços de um dos assistentes, que estava prestes a reformar-se, a minha mãe conseguiu recuperar-me ao fim de três meses. Dito isto, como indígena, eu e a minha família continuamos a ser afetados diariamente pela violência colonial em que vivemos. Denuncia as políticas que ainda hoje estão em vigor: as crianças continuam a ser retiradas às suas famílias", revela.
"Os sistemas que supostamente nos protegem apenas perpetuam o mal que vem com políticas e práticas concebidas para desmantelar as nossas famílias e dissociar-nos da nossa cultura, língua e terras. (...) Não há um único indígena que não seja afetado pelas políticas criadas para eliminar a identidade indígena", acrescenta.
Podemski conta que usa histórias reais para construir a narrativa: “Algumas das pessoas mais importantes no processo foram os nossos consultores de guião”, diz ela. Tivemos sobreviventes do 'Sixties Scoop' que partilharam as suas experiências connosco. (...) Não é um documentário, claro, mas é inspirado na verdade e no amor das pessoas que viveram estas experiências. E conclui: 'Little Bird' é uma história em que o público internacional terá a oportunidade de testemunhar o poder da autêntica narrativa indígena e ficará impressionado com os temas que nos ligam, independentemente da nossa raça".
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