![Alfonso Cuarón regressa à TV, mas diz que a minissérie](/assets/img/blank.png)
Alfonso Cuarón entra pela área da televisão de prestígio com "Disclaimer", um 'thriller' psicológico em sete partes protagonizado pelos também vencedores dos Óscares Cate Blanchett e Kevin Kline, mas disse esta segunda-feira que o resultado final ainda é um filme - muito longo.
Não é a primeira vez que o cineasta mexicano trabalha no pequeno ecrã – cocriou a curta série “Believe”, que foi transmitida há uma década no canal NBC.
Mas "Disclaimer" - exibido no Festival de Cinema de Toronto na segunda-feira após uma estreia mundial em Veneza - é seu primeiro grande projeto de TV desde que ganhou os Óscares pelos filmes "Gravidade" (2013) e "Roma" (2018).
A minissérie, o primeiro projeto do contrato plurianual de Cuarón com a Apple TV+, apresenta Blanchett como Catherine Ravenscroft, uma jornalista cuja vida muda quando recebe um livro que aparentemente narra os detalhes íntimos do seu segredo mais obscuro.
Essa indiscrição enterrada envolveu o falecido filho de Stephen Brigstocke (Kline), um viúvo com uma tendência mesquinha que está claramente empenhado numa vingança.
Completando o elenco está um trio de nomeados aos Óscares - Sacha Baron Cohen como Robert, o marido de Catherine, Lesley Manville como Nancy, a esposa de Stephen, e Kodi Smit-McPhee como Nicholas, o filho de Catherine e Robert.
A atriz australiana Leila George interpreta uma versão mais jovem de Catherine.
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Na passadeira vermelha, Cuarón, de 62 anos, disse que embora tenha o maior respeito por aqueles que trabalham principalmente em televisão, o seu processo de produção de “Disclaimer” não foi assim tão diferente de como aborda as longas-metragens.
“A ideia era fazer um filme que durasse cinco horas e meia e dividi-lo em sete capítulos. Na verdade é um filme”, disse.
A sua adaptação do 'thriller' homónimo de 2015, da autoria de Renee Knight – que será exibido na Apple TV+ a partir de 11 de outubro – salta para frente e para trás no tempo para revelar os cantos sórdidos das vidas cruzadas das personagens.
Mas, como adverte a jornalista Christiane Amanpour numa participação especial no início, “cuidado com a narrativa e a forma”.
“Nem tudo o que se vê é necessariamente verdade”, disse Blanchett numa sessão de perguntas e respostas após a exibição em Toronto.
E acrescentou: "Acho que o que é interessante, para todos nós a fazer isto, é que estávamos a interpretar uma versão da realidade".
Meticuloso
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Cuarón disse que Knight lhe enviou as provas do seu romance antes de ser impresso.
“Vi imediatamente um filme, mas na altura não consegui descobrir como fazê-lo funcionar como um filme convencional”, disse na mesma conversa em Toronto.
“E só mais tarde surgiu esta ideia [de uma minissérie] e devo dizer que o processo de escrita do argumento foi muito rápido”, notou.
O cineasta disse que o processo de seleção de elenco foi um “diálogo” entre Blanchett e ele, que assinou após ler os três primeiros episódios.
“Li e atirei para a outra ponta da sala”, disse ela ao público de Toronto.
"Sempre que se atira alguma coisa pela sala, percebe-se que se é confrontado e desafiado por ela", esclareceu.
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Kline elogiou a forma de trabalhar de Cuarón.
“Disse-me: 'Vai demorar o tempo que for preciso', e foi assim que fizemos. E ele é muito meticuloso, orientado para os detalhes e fastidioso”, contou na passadeira vermelha.
Após a exibição de três episódios de “Disclaimer”, os organizadores anunciaram que a série completa seria exibida no domingo, dia de encerramento do festival.
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O Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) tem procurado nos últimos anos aumentar a sua programação no horário nobre.
Também estão na programação deste ano estão “Families Like Ours”, do relizador dinamarquês Thomas Vinterberg (“Mais Uma Rodada”), e “Faithless”, de Tomas Alfredson (“A Toupeira”).
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