"Ben poca cosa tens" é o primeiro avanço do projecto colaborativo entre Sílvia Pérez Cruz e Salvador Sobral. O tema "assinala o início de uma viagem musical íntima e poética que culminará em maio", com a edição do álbum "Sílvia & Salvador".

O poema da canção foi escrito pelo poeta catalão Miquel Martí i Pol e inicialmente musicado por Pérez Cruz para os créditos do filme “Molt lluny”, de Gerard Oms. "Agora renasce com a incorporação vocal de Sobral e uma nova instrumentação criada especialmente para esta versão renovada", adianta a Warner Music Portugal.

No tema, à guitarra de Pérez Cruz e ao teclado de Salvador Sobral junta-se Marta Roma (violoncelo), Dario Barroso (guitarra) e Sebastià Gris (aqui no banjo, mas que contribui também com guitarra e bandolim noutras faixas do disco).

O projeto sílvia & salvador nasceu de um desejo dos músicos de "traduzir a amizade e cumplicidade que os une num registo que contará com temas de outros autores que os inspiram". Em palco, os artistas vão interpretar canções de Jorge Drexler, Luísa Sobral, Dora Morelenbaum, Lau Noah, Carlos Montfort, Jenna Thiam, Marco Mezquida, Javier Galiana de la Rosa e David Montiel, além dos seus originais.

Para Sílvia Pérez Cruz, "o Salvador tem uma voz de ouro, transparente como ele, capaz de entrelaçar os sonhos com as nuvens, pondo a pele de quem escuta atenta ou a recolher-se para dentro com os graves elásticos que o fazem sorrir e a nós também". "Da intimidade mais frágil ao jogo mais partilhado. Com um ouvido que celebra a beleza e a criatividade de quem o rodeia. Com uma sinceridade difícil de encontrar. Para além de ter uma das vozes mais especiais a solo, ao cantar com outra voz tem o dom de abraça-la e fazê-la soar melhor, como se sempre tivesse cantado ao seu lado", sublinha.

"Quando o conheci, foi antes de tudo, antes das suas profundas mudanças de vida e experiências tão peculiares; quão complicado é colocar-me no lugar dele. Lembro-me daquela voz tão bela e daquele solo tão encantador e musical num clube de jazz em Lisboa. Depois, quando tudo se transformou noutro filme, recordo novamente aquela voz magnífica e o desejo de brincar e partilhar com a música e com os músicos, e aquela consciência do presente que faz de cada canto uma celebração da vida. Depois de cantar, chorar e rir juntos, era um desejo partilhado e natural continuar a partilhar momentos e canções, e achámos bonito celebrar os nossos amigos compositores contemporâneos cantando-os", acrescenta Sílvia Pérez Cruz.

Já Salvador Sobral lembra que "quando ouviu, pela primeira vez, a voz de Sílvia Pérez Cruz, sentiu que tinha encontrado a origem do canto". "Um mundo completamente novo e, ao mesmo tempo, ancestral abria-se quando as suas cordas vocais vibravam. A partir desse dia, não consegui deixar de a ouvir. Essa voz acompanhou-me na tristeza e na amargura, na felicidade e no êxtase, na doença e na esperança. Quando nos conhecemos anos mais tarde, a minha admiração estendeu-se para além da sua música", conta.

"Ali estava alguém que, com muitos anos de experiência, mantinha uma relação pura, genuína e honesta com a música. Tudo o que me transmitia, quer fosse de forma musical ou mesmo pessoal, eram ensinamentos que tenho guardado comigo até hoje, em cada cenário que piso, em cada nota que canto. Quando finalmente cantámos juntos, todas essas emoções do passado culminaram nas nossas vozes, fundidas. Dizem que nunca devemos conhecer os nossos heróis, mas ninguém jamais falou em partilhar o palco com eles", frisa o cantor.