Não é a primeira vez que “se irradia da fundação” para outras partes da cidade, sublinhou à Lusa o programador do festival, Rui Neves, referindo que já aconteceu em 2000, com uma extensão ao Hot Clube de Portugal, na Praça da Alegria, perto do Bairro Alto.

“A ideia esteve em hibernação e como o atual diretor de música da Fundação, Risto Nieminen, insistiu neste aspeto, escolheu-se um espaço novo, o Teatro do Bairro, no Bairro Alto, que tem muito boas condições. Neste espaço a proposta é dar a ideia de um clube de jazz. Os clubes de jazz continuam a ser muito importantes para atividade do jazz”, disse Rui Neves.

Pelo Teatro do Bairro vão passar Luís Lopes Humaniztion 4tet (dia 09), Little Women (dia 10) e Fire! (dia 11). Os outros espaços do festival são o anfiteatro ao ar livre da Fundação e a sala polivalente do Centro de Arte Moderna (CAM), à Palhavã.

O pianista Cecil Taylor, 82 anos, abre o festival na sexta-feira no anfiteatro. À Lusa, Rui Neves sublinhou que Cecil “criou uma linguagem” e este é um “festival de criadores”, sendo nesta mesma linha que se apresenta Peter Brötzmann, 70 anos.

Em contrabalanço surge também no festival “uma nova geração que tem coisas a dizer”, nomeadamente o baterista norueguês Paal Nilssen-Love que integra o quarteto com que, no dia 11, no anfiteatro, se apresenta o saxofonista alemão Brötzmann. Os outros dois elementos são o japonês Toshinori Kodo e o italiano Massimo Pupillo.

Outro projeto da nova linguagem apresenta-se no dia 13, também no palco do anfiteatro, e junta dois duos: Terry Ex e Andy Moor com Paal Nilssen-Love e Ken Vandermark, um projeto “que nos interroga e mostra que haverá mais semelhanças que diferenças entre o jazz e o rock, que têm aliás a raiz comum nos blues”.

Nilssen-Love é um “baterista que tem tido uma grande projeção, um músico de exceção que atuou pela primeira vez no Jazz em Agosto em 2004, precisamente com o Mars Gustafsson que integra este ano o projeto Fire!”.

Paralelamente aos concertos, haverá um ciclo de filmes documentais relacionados com o jazz, a exibir na sala polivalente do CAM.

Entre estes, um destacará o papel das mulheres instrumentistas “no jazz que é um mundo de homens”, trata-se de “Women in Jazz” (2000), do francês Gilles Core que será exibido no dia 13, e um outro, a exibir no dia 12, sobre os primórdios do jazz na Europa, “Play your own thing – A story of Jazz in Europe” (2006), de Julian Benedikt que estará presente.

Em declarações à Lusa, Rui Neves que iniciou o Jazz em Agosto em 1984, por iniciativa de Madalena Azeredo Perdigão, sublinhou que o festival “veicula a música de jazz que se considera música de arte e não comercial de artistas que enchem [salas] e fazem sempre a mesma coisa”.

“A opção foi sempre o jazz contemporâneo, o que é mais diferente e contribui para a renovação da linguagem”, disse.

SAPO/Lusa