
Paulo Pinamonti, que dirige o Festival organizado pela Diocese de Beja, disse à Lusa que “o instrumento em destaque é a voz e, nesse sentido, pretende-se encetar uma viagem pela polifonia europeia desde o Renascimento à vanguarda atual”.
Escusando-se a revelar o orçamento total do Festival, que envolve oito concertos, Pinamonti afirmou que o orçamento artístico “ronda os 110 mil euros”.
Para o diretor, “o festival tem vindo a afirmar-se junto da população, tendo esgotado todos os concertos o ano passado, que registaram uma média de quatro mil espetadores”.
O Festival, na sua oitava edição, tem agendado, além de Sines, concertos em Almodôvar, Beja, Grândola, Vila de Frades e Castro Verde, onde encerra com a estreia moderna da oratória “La Betulia Liberata”, de Gaetano Pugnani, que foi dedicada a D. Maria I.
Paolo Pinamonti, antigo diretor do Teatro Nacional de São Carlos e atual responsável artístico pelo Teatro da Zarzuela, de Madrid, salientou “a excecionalidade dos intérpretes” do cartaz do Festival, nomeadamente a soprano María Bayo, que abriu o festival do ano passado e regressa este ano, e a meio-soprano María José Montiel, que integram o elenco do concerto de abertura, sábado, na igreja Matriz de Sines, às 21:30.
A Pequena Missa Solene será interpretada pelo Coro do Teatro de São Carlos, por María Bayo, Maria José Montiel e “por dois valores emergentes”, o tenor Alexandre Guerrero e o barítono Damian del Castillo, acompanhados pelos pianistas Marta Zabaleta e Miguel Borges Coelho, sob a direção de Giovanni Andreoli.
Pinamonti sublinhou que a obra será escutada na íntegra, constituíndo-se como “um texto emblemático de Rossini, que expressa uma ideia muito particular de vocalização e da música religiosa, correspondendo a uma faceta privadíssima do compositor e da sua sensibilidade religiosa”.
“Uma partitura dos anos finais da atividade de Rossini, que será interpretada por um painel de solistas de grande nível”, assinalou Pinamonti.
Paolo Pinamonti, que desde o ano passado dirige o Festival Terras sem Sombra e que responde pelo Festival Mozart da Corunha, salientou que procurou na programação que, “em cada concelho, houvesse um concerto de grande qualidade e alto nível”.
Os 250 anos do nascimento do compositor Marcos Portugal são assinalados em Almodôvar pela Filarmonia das Beiras e o Coro da Universidade de Aveiro, que interpretarão o "Te Deum". Completa o programa a "Missa pro defunctis", de Domenico Cimarosa.
“Os dois compositores colaboraram muito no final da vida”, justificou Pinamonti.
Em Grândola, no dia 05 maio, o Ensemble Odechaton interpretará "uma página importante da música sacra polifónica italiana”, os Responsórios místicos de Gesualdo da Venosa, juntamente com composições contemporâneas, nomeadmente de Arvo Part e Salvatore Sciarrino.
No dia 19 de maio, “abre-se uma janela à grande tradição do canto greco-ortodoxo, ainda pouco conhecida em Portugal", o Coro Filarmónico de Câmara da Estónia, sob a direção de Daniel Reuss, que interpretará “a páginas mais famosa e mais importante de Serguei Rachaminov, as Vesperas”.
No dia 09 de junho, no Castelo de Beja, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a batuta de João Paulo Santos, fará a estreia em Portugal da peça “Guzman, el bueno”, do compositor espanhol do século XVIII Tomas Iriarte. O programa é completado pela "Ode to Napoleon", de Arnold Schonberg. O recitante será o ator e encenador Luís Miguel Cintra.
No dia 23 de junho, encerra o festival na Basílica Real de Castro Verde com a estreia moderna de “La Betulia Liberata”, peça de finais do século XVIII de Gaetano Pugnani, compositor da corte de Turim.
O manuscrito encontrava-se na Biblioteca do Palácio da Ajuda e foi recuperado pelo Festival que fará a sua edição moderna.
Donato Renzetti dirigirá a Sinfónica Portuguesa e os cantores líricos serão Raquel Alão, Carmen Romeu, Mikeldi Atxalandabaso, Marifé Nogales, Mário Alves e Luís Rodrigues.
@Lusa
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