O público não queria deixar ir embora Ben Harper que voltou por duas vezes ao palco num concerto de cerca de duas horas.

"Diamonds on the Inside" foi o tema de abertura. Seguiram-se "Shimmer & Shine", "Number With No Name", "Keep It Together (So I Can Fall Apart)" cheias de guitarradas. O ritmo foi travado por slows como "Please Me Like You Want To", e "Feel Love", este último, um tema do novo álbum que vai sair em Março de 2011.

Jimi Hendrix e Led Zeppelin foram muito bem representados pelo artista que tocou "Red House" e "Heartbraker", covers de ambos, respectivamente.

O concerto teve direito a dois encores, um primeiro com "Power of The Gospel" e um segundo com "Amen Omen".

Tudo isto com o público de mão no ar, palmas efusivas, fascinado com a perícia e a doçura de Ben Harper e companhia.

O que tem o público português de especial? Não sabemos mas Ben Harper disse-o: "É por causa de todos vocês que a música continua viva. Esta noite foi muito especial. Portugal sempre foi um dos nossos locais preferidos para tocar. Mal podemos esperar por voltar".

Editors "tramados" por problemas técnicos

Editors eram também uma das bandas mais esperadas da noite. Depois de um início de concerto muito morno "Eat Raw Meat= Blood Drool", "Blood" and "Munich" animaram as hostes. Os britânicos abriram com "In This Light and On This Evening", música que dá nome ao último álbum (2009), antecipando um alinhamento sem surpresas, mas tal não acabou por acontecer.

Quando o concerto estava vibrante e depois de "Racing Rats", os Editors abandonaram o palco, depois de tentarem por duas vezes o início de "Smokers Outside the Hospital Doors".

Voltaram uns minutos depois e Tom explicou que estava a apanhar choques eléctricos do piano. O concerto prosseguiu com "Bricks and Mortar". "Papillon" terminou o concerto que estava a deliciar os milhares de presentes, e que acabou por ser mais pequeno do que o previsto. "Smokers Outside The Hospital Doors", "No Sound But the Wind", e "Fingers In the Factories" ficaram por tocar.

No final, Tom Smith pediu novamente desculpas e abandonou o palco. Terminou assim um dos concertos mais aguardados do Marés Vivas, "tramado" por problemas técnicos.

dEUS, A banda belga muito acarinhada pelo público português também não desiludiu os presentes.

"Bad Timing", do álbum Pocket Revolution (2005), abriu o concerto. O rock efusivo, os solos arranhados e sons psicadélicos conquistaram a plateia que não parava de chegar ao recinto.

Tom Barman tinha confessado ao SAPO, horas antes, que está a tirar um curso de português, facto que fez questão de salientar nas suas interacções com o público durante o concerto. "Como estão? São os Deus da Bélgica", dizia em português quase perfeito.

Nikolaj Grandjean abriu o palco principal com um pôr-de-sol magnífico. Numa actuação muito intimista o artista fez-se acompanhar por Mikkel Lomborg e Christian Winther. Com a sua pop acústica e sentimental, e trechos de lírica, o dinamarquês não conseguiu aquecer o público, que reagiu apenas a "Heroes and Saints", música que faz parte da banda sonora de uma telenovela brasileira.

Mais cedo, noutra área do recinto, João Só e os Abandonados abriram o espaço das novas oportunidades portuguesas. A banda lisboeta trouxe o seu primeiro e homónimo trabalho de originais. Caim, banda que já partilhou o palco com grandes nomes do rock português como Xutos & Pontapés e GNR, trouxeram o seu primeiro álbum "Beg a Dime".

Texto @Catarina Osório/ Foto@Alice Barcellos