A cerimónia está marcada para as 18:30 no auditório Frederico de Freitas, no edifício-sede da SPA, à avenida Duque de Loulé, à Estefânia. Nota da SPA saleinta que esta é uma “forma de reconhecimento pelo seu trabalho de décadas ao serviço da dignificação da música portuguesa”. Na sessão, falarão, entre outros, o maestro António Victorino d'Almeida, a cantora Cristina Branco e o presidente da SPA, José Jorge Letria.

Fernando Alvim tem-se destacado no fado, mas o seu percurso evidencia referências do jazz e da bossa-nova. Nos últimos anos tem desenvolvido o projeto que há muito acalentava, intitulado “A Guitarra Portuguesa encontra o Jazz”.

Na sua autobiografia, o músico natural de Cascais conta o seu encontro com o fado e a guitarra clássica: “O fado entrou na minha vida aos 14 anos quando assisti a um espetáculo de fados ao vivo no Café Luso e ouvi pela primeira vez a Amália Rodrigues a cantar. O fascínio que senti levou-me a aprender a acompanhar fado à viola com um violista de Lisboa”.

Na sua infância Fernando Alvim tinha estudado violoncelo durante quatro anos mas garante no mesmo texto que cresceu “num meio que cultivava a música por gosto”. “Aos 23 anos adquiri na oficina do guitarreiro Joaquim Gracio, a guitarra que me viria a acompanhar pela vida fora. Uma guitarra fabricada em madeira de plátano na qual sobressaem os graves e que resistiu a diferenças climatéricas enormes devido às inúmeras viagens que pelo mundo fez”, conta.

Numa viagem ao passado Alvim recorda momentos históricos como os encontros com Carlos Paredes, Amália Rodrigues ou José Afonso, entre outros. “Foram inúmeras as gravações que fiz e todas elas especiais. Algumas inesperadas... Recordo um telefonema que recebi por volta das 23:00, do guitarrista Fontes Rocha, a pedido da Amália Rodrigues, para ir nessa noite gravar com ela um tema intitulado 'Formiga Bossa-Nossa' que era uma canção com o ritmo de bossa”, afirma.

“Todas as gravações que fiz com o Carlos Paredes tiveram também um cunho muito especial. As horas passadas em gravações nos estúdios da Valentim de Carvalho com o apoio do técnico de som Hugo Ribeiro foram inesquecíveis”, escreve o músico que lembra ainda as sessões com o extinto Ballet Gulbenkian. O músico recorda, por exemplo, uma viagem em 1964, durante a qual, devido a um furo, José Afonso compôs parte da sua peça “Grândola Vila Morena”.

“São 50 anos a acompanhar fados, canções”, disse à Lusa o violista e compositor que em setembro do ano passado lançou o duplo álbum, “Os fados e as canções do Alvim”, que conta com a participação, entre outros de Pedro Jóia, Camané e Cristina Branco. “É uma espécie de apanhado da minha vida artística, porque eu não tive tempo para me concentrar o suficiente para compor durante o tempo em que estava com os espetáculos, designadamente no estrangeiro”, disse à Lusa acerca do duplo CD, editado pela Universal Music.

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