Músicas como “Adivinha quem voltou”, “Outro Nível”, “Duia”. Rita foi directa ao seu preferido: “God Bless Jonhy”.Um tema do primeiro álbum, de 1994, “More Than 30 Motherf*****s”. Um clássico que levou Rita numa viagem no tempo: “Eu devia ter para aí uns 13 anos e fui a um concerto deles na Praça São João Baptista [em Almada] em que não estava quase ninguém, deviam estar 50 pessoas se tanto. Foi brutal, a partir daí eu segui-os para todo o lado. Aquilo marcou-me”.

Hoje, com 29 anos, recorda as largas dezenas de concertos dos Da Weasel a que assistiu, quase sempre na companhia da irmã Susana, outra fã de peso. E recorda um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em que no final pediu autógrafos a todos. O que a fascinava no som dos Da Weasel é simples de descrever, sai num ápice: “Em primeiro lugar cantavam em português, era um som diferente na altura e que conseguiu apesar de tudo ao longo de 17 anos criar novas gerações de fãs”.

Lá em casa tem os discos todos, as letras estão quase todas na ponta da língua. E atira: “São insubstituíveis e não há nenhuma banda que preencha a lacuna musical dos Da Weasel”.

“Não é uma coisa da minha juventude, é da minha vida ainda”

Apanhamos Frederico Pinto Ferreira a meio do ensaio de som para mais um concerto. Falamos dos Da Weasel, a notícia já tinha chegado antes do nosso telefonema: “A par dos Xutos [e Pontapés] foram a banda que mais me marcou até hoje, porque sempre admirei a música deles. Eles também foram causadores por eu querer tocar, eu via-os ao vivo, a força deles.”

Entre as dezenas de projectos em que toca bateria (Buraka Som Sistema, Orelha Negra), Frederico partilha com PacMan a banda “Dias de Raiva”. Para além da amizade que o une aos elementos Da Weasel, há admiração (e emoção): Ainda o ano passado estava em Tóquio, com os Buraka, e há uma música deles que oiço sempre, que é a 'Força'."

Acredita que a banda foi responsável por abrir muitas portas a outros projectos, sobretudo de hip-hop. Espera que haja volta atrás, que os Da Weasel se juntem, um dia, outra vez: “Hoje não faz sentido, amanhã pode fazer”, diz Frederico.

Espera acima de tudo que volte a atitude dos Da Weasel, a vontade de marcar a diferença. As músicas, essas, vão continuar a tocar: “tenho tudo deles, os discos, os dvds… Lembro-me do meu pai me chamar e dizer ‘ouve aqui este “3º capítulo” para ouvires como se faz música…”

Da Weasel: vamos fazer a revolução?

Na cabeça de Miguel Dias, 26 anos, surgem as palavras do tema “Toda a gente”: “Há quem costume falar de revolução/Mas a revolução não vai ser transmitida na televisão/Ela tem que acontecer dentro de cada um/Caso contrário nunca chegaremos a lugar algum”. A mensagem, acima de tudo, era o que fazia a diferença nos Da Weasel, diz Miguel Dias.

Começou a ouvir a banda de Almada por volta de 1996, 1997 (no tempo da cassete, lembra Miguel) altura em que saía o álbum que marcaria o percurso dos Da Weasel - “3º Capítulo” – e altura em que se começava a falar da “geração rasca”. “Na altura eles cantavam mesmo hip-hop, o verdadeiro rap, e foi nessa altura que se falou muito que o hip-hop era a dita palavra para a revolução”, diz Miguel Dias.

O hip-hop como arma de arremesso, como voz de uma geração a que se chamava rasca e que queria fazer a revolução. As ideias encontraram terreno fértil em Miguel, que se confessa um “revolucionário de espírito”.

Quando em 2004 os Da Weasel lançam o álbum “Re-definições” surgem as críticias de que a banda tinha tomado o rumo de um som “mais comecial”. Chegam a novos públicos, mais velhos e mais novos, vendem mais discos do que nunca, ganham um prémio de Best Portugues Act da MTV. “Quem conheceu Da Weasel na primeira versão e quem conheceu hoje em dia sabe que mudou muito.Deixaram o conceito de hip-hop normal para uma cena mais comercial, mas apesar de tudo acho que surgiu uma boa mistura, mais rock.” Os Da Weasel marcaram a geração de Miguel, com temas de que ainda hoje sabe as letras.

A música preferida? Miguel dispara várias: "Mundos Mudos"," Re-tratamento"," Força (Uma página de história)".(Respiro fundo) E lembro-me da força (Que guardo dentro do meu corpo) Espero que ela ouça. A página deste capítulo fechou-se.

@Vera Moutinho

Para recordar com música (e imagem),deixamos alguns videoclips da banda: