Quase sempre com o olhar colocado no infinito, a menina que foi símbolo de inocência e que agora, praticamente na casa dos 30, quer ser femme fatale, cantou músicas do último álbum e guardou temas conhecidos do público em geral para os últimos minutos.
Chegou para converter um público faminto, sem Britney em Portugal há sete anos, num público histérico por voltar a ter Britney. Pularam, gritaram e choraram. Ela é um ídolo. Vários «we love you!», faziam-se ouvir.
Britney Spears começou o concerto no papel de uma agente secreta, segurou uma máscara veneziana, esteve enjaulada, prendeu e escapou à prisão. Contou até “3”, e o público, que não descolava das máquinas fotográficas, nem dos telemóveis, filmava. Estavam extasiados. E indecisos entre chorar ou gritar. Queriam um registo pessoal do regresso da princesa do pop, ausente dos palcos nacionais desde o primeiro Rock in Rio em Lisboa, em Maio de 2004.
Desta vez sem playback, asseguram os mais fãs, não parou em palco. Com coreografias semelhantes, mas sensuais, a artista gingou as ancas com as mãos ora cintura, ora no ar, de pulsos cerrados ou unidos. Quase sempre da mesma forma. Alinhada, mas pouco concentrada em interagir com o público. Pouco disse, para além do mais que repetido: “What’s up?”
O público, sim, estava vestido a rigor, recetivo, ansioso para mostrar a Britney os cartazes e as coreografias que tinham preparado, horas antes, à porta do Pavilhão Atlântico. Com casacos a condizer, ombreiras de metal dourado, apliques mexediços nas blusas, cabelos alourados e energia nos tornozelos. Muitos vindos de Espanha, país que desta vez não foi contemplado com uma visita da cantora, gritavam “que guay” (Que fixe).
Entretanto, hora de escolher um voluntário para acompanhar mais uma performance. E havia muitos. Subiu ao palco um italiano que esteve boquiaberto do princípio ao fim entre versos que tentou acompanhar, mas que falhava com a emoção. Foi algemado e castigado com uma lap dance executada a preceito por bailarinos e pela própria Britney Spears, com direito a plumas cor-de-rosa.
Depois, veio a homenagem a Marylin Monroe. Com saia pregada e branca, vento vindo do chão e «If You Seek Amy» a animar as hostes.
«Gimme more». Um cisne gigante trouxe-a, com dourados dos pés à cabeça, e a uma dezena de bailarinos, trajados a lembrar Cleópatra, que saiam e entravam do palco a toda a velocidade. Foi, provavelmente, o primeiro momento alto da noite.
O público masculino, menos adicto de Spears, desmobilizava, entre cigarros e copos de cerveja. Elas dançavam e cantavam, porque, para muitas, Britney é recordada como um ídolo da adolescência.
Segundo momento da noite: «…Baby One More Time». Foi a música que a catapultou para o sucesso e era, sem margem para dúvidas, uma das mais esperadas da noite.
Britney Spears introduziu «Trouble for Me» com «S&M» de Rihanna. Com esquemas compassados, lasers verdes, algum fogo-de-artifício e um sorriso ou outro, roubou as letras à boca do público que também vibrou ao som de «I Wanna Go».
Sem surpresas, ouviu-se «Toxic» e a fechar o concerto a não menos esperada «Till The World Ends».
Texto: Nuno de Noronha
Fotos: Rita Afonso
Comentários