Em entrevista à Lusa, na Casa do Alentejo, em Lisboa, local onde foi apresentada a primeira edição do festival, há 25 anos, Carlos Seixas sublinhou a importância de convocar artistas de todos os continentes “que não têm voz” e “que muitas vezes não conseguem ter palco”.
O Festival Músicas do Mundo (FMM) – garante – “continua forte, com vontade de trazer a Sines aquilo que se passa no mundo”.
À 23.ª edição – não é a 25.ª porque a pandemia de COVID-19 impediu duas edições, em 2020 e 2021 –, o festival reparte-se pela aldeia de Porto Covo (22 a 24 de julho) e pela cidade de Sines (25 a 29), no distrito de Setúbal, e inclui 41 concertos na programação.
O FMM sempre se identificou como um festival de “paz e justiça social”, mas também de “resistência”, onde a “revolta” e a “luta” marcam presença e em que se acredita que “as fronteiras geográficas são linhas imaginárias”.
“É uma resistência que se precisa cada vez mais neste mundo, a de lutar para que todas essas nuvens imensas que andam por aí se dissipem um pouco”, propõe Carlos Seixas.
O “compromisso” com o mundo que partilha a língua portuguesa é assumido, dando destaque aos “povos irmãos da Guiné, de São Tomé, de Moçambique e de Cabo Verde”, que estarão presentes na edição deste ano.
Aliás, a Guiné-Bissau terá a maior delegação de sempre ao FMM, com Tabanka Djaz, Eneida Marta e Super Mama Djombo, que se juntam a três grupos lendários de outros países africanos falantes de português – Os Tubarões (Cabo Verde), África Negra (São Tomé e Príncipe) e Ghorwane (Moçambique).
Este destaque faz parte de uma vontade maior de regressar à música que se faz na “mãe África”, origem de mais de um terço de todos os artistas convidados para a edição deste ano.
Portugal, “país que tem cada vez mais músicos talentosos”, também surge em destaque. São nove os artistas nacionais que integram a programação: Carminho, que fará a sua estreia em Sines, Maria João&Carlos Bica Quarteto, cuja presença em Sines foi adiada pela pandemia, Tó Trips, Expresso Transatlântico (estreantes e que abrirão o festival, em Porto Covo), A garota não, Rita Vian, Rita Braga, B Fachada e RAIA, que prestam homenagem à viola-campaniça.
Na sessão de apresentação de hoje, que contou com a atuação do músico Tó Trips, que atuará no festival no dia 28 de julho, Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara Municipal de Sines, realçou que o FMM tem sido “uma alavanca para a economia local” e um fator de atração de turistas.
“Temos vindo a criar melhores condições, com mais unidades hoteleiras”, assegurou, prometendo “ir mais longe” nas questões de proteção ambiental e adiantando que, já nesta edição, será reintroduzido o copo reciclado.
Vencedor da categoria Melhor Programa Cultural nos últimos Iberian Festival Awards, o FMM terá também um programa de iniciativas paralelas, ainda por conhecer.
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