Scarlett Johansson chegou a acordo com a Disney no processo judicial sobre a compensação financeira pelo lançamento de "Viúva Negra" ao mesmo tempo nos cinemas e na plataforma de streaming Disney+, confirmaram as duas partes em comunicado.

Os termos concretos não foram divulgados, mas uma fonte indicou ao Deadline que a Disney irá pagar mais de 40 milhões de dólares.

"Estou contente por resolver as nossas diferenças com a Disney. Estou incrivelmente orgulhosa do trabalho que fizemos juntos ao longo dos anos e gostei bastante do meu relacionamento criativo com a equipa. Espero continuar a a nossa colaboração nos próximos anos", revela o comunicado assinado pela Scarlett Johansson.

Em contraste com a reação no fim de julho à ação judicial, o comunicado da Disney faz elogios da atriz.

"Estou muito contente por termos conseguido chegar a um acordo mútuo com Scarlett Johansson em relação a 'Viúva Negra'. Agradecemos as suas contribuições para o Universo Cinematográfico Marvel e esperamos continuar a trabalhar juntos numa série de projetos futuros, incluindo 'Tower of Terror'", refere Alan Bergman, presidente da Disney Studios.

Uma ação judicial com implicações para o futuro da indústria

Kevin Feige, presidente da Marvel, com a atriz

A ação judicial colocada por Scarlett Johansson abanou Hollywood e estava a ser seguida com atenção por causa das implicações para o futuro: por causa do impacto da pandemia, os estúdios estão a abandonar os modelos tradicionais de lançamento dos filmes e dar cada vez mais prioridade ao streaming (onde é mais difícil ter acesso a audiências ou receitas), mas sem dar sinais de querer partilhar esses lucros com as estrelas, que costumam ter nos seus contratos compensações indexadas ao desempenho dos filmes nas salas de cinema.

"O que ela está realmente a liderar é uma luta existencial muito maior. É uma coisa muito difícil de fazer, é realmente corajoso e ela está a lutar por todos os artistas", elogiou o produtor Jason Blum, à frente da icónica produtora Blumhouse.

A Disney começou a estrear os seus filmes na Disney+ (alguns a custo adicional) e nos cinemas ao mesmo tempo quando as salas fecharam devido à pandemia e manteve a prática perante os sinais de lenta recuperação após a reabertura.

No caso do filme da Marvel, divulgou pela primeira vez as receitas no Disney+ a 11 de julho: "mais de 60 milhões de dólares".

A 29 de julho, Scarlett Johansson avançou com a ação judicial contra a Disney - dona da Marvel Studios -, alegando uma quebra de contrato com o lançamento simultâneo que lhe terá custado um bónus de 50 milhões de dólares.

No processo, a atriz alegava que o estúdio sacrificou as potenciais receitas de cinema para fazer crescer "o seu próprio serviço de streaming, onde poderia manter as receitas para si mesma e, simultaneamente, aumentar a base de assinantes do Disney+, uma forma comprovada de impulsionar o preço das ações da Disney".

Numa resposta dura no dia a seguir que mereceu críticas de sexismo por parte de algumas organizações, o estúdio alegou que não violou nenhum contrato e a atriz já tinha sido suficientemente compensada com o salário de 20 milhões de dólares, acrescentando que o processo era "especialmente triste e angustiante pela sua insensibilidade com os horríveis e persistentes efeitos globais da pandemia de COVID-19".

Segundo a publicação especializada The Hollywood Reporter (THR), Scarlett Johansson ficou especialmente "irritada" com a revelação do valor ganho no Disney+, que agradou a Wall Street, uma vez que o estúdio nunca deu sinal de o querer incluir numa compensação.

O THR acrescenta que a atriz estava a ponderar avançar com a ação judicial há vários meses, mas até à tarde de 28 de julho acreditou que a Disney ia fazer uma proposta de renegociação. No entanto, a atitude do estúdio manteve-se a mesma: a de continuar as conversações.

"Este certamente não será o último caso em que artistas de Hollywood enfrentam a Disney e deixa claro que seja o for o que a empresa quer fazer, tem a obrigação legal de cumprir os contratos", disse em julho um dos advogados da atriz ao Wall Street Journal.

O estúdio rival Warner Bros foi criticado no ano passado por uma decisão semelhante ao lançar todos os seus filmes de 2021 ao mesmo tempo nos cinemas e na sua plataforma HBO Max, mas acabou por renegociou muitos dos seus acordos com estrelas e cineastas para compensar a perda de lucros de bilheteira.