Após vários anos de prejuízos e desilusões comerciais, o estúdio Paramount Pictures conseguiu colocar cinco filmes em primeiro lugar nas bilheteiras em 2022.

O auge do sucesso foi "Top Gun: Maverick", que arrecadou 1,463 mil milhões de dólares e é o 11º maior sucesso na história das bilheteiras (excluindo a inflação).

Mas segundo a revista Fortune, Tom Cruise é uma das estrelas que acha que está a perder milhões de dólares por causa de um acordo do estúdio com o Epix, um canal por cabo e satélite premium nos EUA que também tem serviços de streaming.

No mesmo grupo de "lesados" estarão Sandra Bullock e os criadores da saga "Jackass", que também têm definidos nos seus contratos percentagens dos lucros dos seus filmes de sucesso nas vendas digitais e nos acordos do estúdio com outras plataformas.

O "cheque" pode ser de dezenas de milhões de dólares no caso dos lucros astronómicos de "Top Gun: Maverick" com Cruise, mas também de milhões para um sucesso mais modesto como "A Cidade Perdida", com Bullock.

A revista Fortune avança que os representantes destes talentos já se encontraram com a Paramount para pedir mais dinheiro por acharem que as suas compensações estão abaixo do que era de esperar porque o estúdio está a receber menos da Epix do que outros em Hollywood com acordos semelhantes.

Ainda não estará em cima da mesa a ameaça de avançar para os tribunais, mas "os advogados estão a avaliar as suas opções".

Esta situação também poderá vir a envolver os sindicatos, já que também têm direito a uma percentagem desses filmes e são afetados pelo mesmo acordo.

"A Cidade Perdida"

Este é um novo capítulo da famosa "contabilidade em Hollywood", em que os estúdios fazem tudo para esconder lucros: a piada na indústria é que nenhum filme dá lucro.

A Fortune explica que o crescimento dos serviços de streaming está a preocupar os profissionais da indústria, no sentido em que está a tornar mais fácil aos estúdios esconder os seus lucros através da autonegociação: os estúdios agora licenciam os seus filmes aos próprios serviços de streaming (a Warner Bros. para HBO Max, a Walt Disney para o Disney+; a Universal para a Peacock e ainda para a Amazon Prime Video).

A complicar a situação, a Epix pertenceu ao mesmo grupo que é dono da Paramount até que a MGM comprou a sua posição em 2017.

No âmbito deste novo acordo, a Paramount voltou a licenciar os seus novos filmes e séries à Epix durante cinco anos, mas precisou de voltar a negociar no início de 2021 para também os passar a ter disponíveis na sua nova plataforma de streaming Paramount+. Este acordo termina em 2023.

Pouco depois, a Sony e a Universal assinaram novos acordos de licenciamento: a Netflix pagou à Sony o dobro do que a Paramount recebeu da Epix; a Universal também recebeu mais da Peacock (que faz parte do mesmo grupo) e de uma terceira parte, a Amazon.

Na altura, não se prestou muita atenção... até que as equipas de Tom Cruise, Sandra Bullock e outros talentos começaram a notar as diferenças entre nas compensações que recebiam dos filmes que fizeram para a Sony e Universal e as que chegavam da Paramount.