Durante a rodagem de "Batman" (1989), Jack Nicholson falava de forma tão "abstrata" que Tim Burton precisou que lhe "traduzissem" o que queria dizer.

Numa entrevista publicada pela revista britânica Empire, o realizador recordou a dinâmica da relação com o seu ator, que interpretava Joker e já era uma lenda do cinema.

"Jack tem uma forma muito abstrata de falar. Portanto, ele dizia-me coisas e eu respondia 'Sim, percebo', e depois ia ter com alguém [e perguntava] 'O que estava raio acabou ele de dizer?'", recordou (no original, um muito mais explícito 'What the f*ck was he just talking about?'].

"Portanto, existia esta comunicação esquisita: não linear, não conectiva... Mas era muito clara para mim. Senti que tínhamos um bom tipo de comunicação no género homem das cavernas", continuou.

Mas o realizador acrescenta que Nicholson lhe deu algo que acabou por ser muito mais valioso, numa altura em que só tinha 30 anos e feito duas longas-metragens, " A Grande Aventura de Pee Wee" (1985) e "Os Fantasmas Divertem-se" (1988).

"Protegeu e alimentou-me, fez-me continuar, só por não deixar que a coisa toda ficasse demasiado pesada. Eu era jovem e a lidar com um grande estúdio, e ele simplesmente deu-me confiança para fazer o que precisava fazer. E ele sendo uma voz de apoio teve muita ressonância com o estúdio. Isso fez-me passar por tudo. Isso deu-me força", explicou.

Burton também admitiu que o problema era mais generalizado do que Nicholson durante a rodagem: "Naquela altura, eu mal conseguia juntar várias frases. Tinha problemas sérios de comunicação".