Há muitos anos que Quentin Tarantino garante que vai realizar dez filmes e depois fará outras coisas na vida, como escrever livros.

"Era Uma Vez... em Hollywood", de 2019, foi o nono filme e entretanto já está a escrever livros, mas mesmo que não existisse este limite que estabeleceu para si mesmo, uma coisa é certa: não tem qualquer interesse em envolver-se nos universos cinematográficos de super-heróis, seja o da Marvel ou o da DC.

Numa recente entrevista, o jornalista do jornal Los Angeles Times perguntou ao cineasta qual a razão para nunca se ter chegado à frente para um desses filmes, admitindo que já sabia a resposta, mas que "às vezes é divertido ouvir ele dizê-la".

Deixando os realizadores do género com as "orelhas a arder", a resposta chegou sem rodeios e correspondeu à expectativa: "É preciso ser mão de obra contratada para fazer essas coisas. Não sou mão de obra contratada. Não ando à procura de um emprego".

A entrevista foi feita para promover "Cinema Speculation", o primeiro livro de não ficção de Tarantino, organizado à volta dos principais filmes americanos da década de 1970 que descobriu nas salas, muitas vezes antes de ter a idade apropriada.

Nesse livro, escreve que os realizadores da atualidade "mal podem esperar pelo dia" em que os filmes de super-heróis deixem de estar na moda, comparado-o com a satisfação que tiveram os cineastas autores anti-institucionais dos anos 1960 quando os musicais deixaram de ter popularidade junto dos estúdios de Hollywood.

Ao jornal, Tarantino descreveu esta opinião e outras no livro como "pequenos comentários sarcásticos no canto da minha boca".

Mas não tem dúvida: "A analogia funciona porque é um estrangulamento semelhante" da indústria cinematográfica.

Quando é que esse dia vai chegar é que ainda não está claro: "Ainda não se chegou bem lá, como aconteceu em 1969, quando foi do género, 'oh, meu Deus, acabámos de colocar imenso dinheiro em coisas que já ninguém quer saber".