O realizador norte-americano Martin Scorsese voltou a exibir, este sábado, os seus dotes de mestre do drama policial, com "Killers of the Flower Moon", sobre a misteriosa série de homicídios que abalou uma comunidade indígena em Oklahoma nos anos 1920.

Para este filme, que mantém o espectador agarrada à cadeira durante três horas e meia, o cineasta veterano, de 80 anos, recorreu a dois dos seus atores favoritos, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio.

Scorsese é uma das lendas do cinema americano e um cronista competente da parte mais obscura do país: a máfia, os assassinatos famosos, os dramas sociais ou raciais.

"Killers of the Flower Moon" aborda o inesperado 'boom' petrolífero numa reserva indígena da tribo Osage, perdida num recanto do estado de Oklahoma no começo do século XX.

Do dia para a noite, os Osage tornaram-se milionários com as concessões para explorar o petróleo. As suas mulheres passaram a ser objeto de cobiça dos homens brancos, dispostos a casarem-se com elas por todos os meios para ficar com o dinheiro.

Produzido pela Apple, o filme vai estrear nos cinemas em outubro (dia 19 em Portugal), mais do que a tempo de concorrer aos Óscares, mas o seu formato parece ideal para a televisão, como se fosse uma minissérie (é o que lhe chama a crítica da revista Variety) com a possibilidade de fazer pausas numa história densa e cheia de reviravoltas.

TRAILER.

Sensação na passadeira vermelha

"Killers of the Flower Moon"

Leonardo DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, que se casa com uma indígena, Mollie (a atriz indígena Lily Gladstone), e é manipulado pelo seu tio, um rico empresário (Robert De Niro, no que a revista The Hollywood Reporter descreve como "um dos papéis mais monstruosos da sua carreira").

Palavras como "marcante", "triunfo" e "obra-prima" foram comentadas pelos críticos que conseguiram deitar as mãos a um bilhete para o visionamento.

O IndieWire diz que DiCaprio dá "a sua melhor atuação de todos os tempos", enquanto o The Guardian concedeu cinco estrelas por um "épico notável sobre o nascimento sangrento da América".

Houve algumas notas divergentes, com o The Times, que lhe chamou uma "sátira desoladora", e o Little White Lies, que diz que Scorsese "destitui a história de qualquer coisa que possa manchar a elevada seriedade do tema".

Já a revista Variety diz que é um filme cativante, mas que seria "demolidor" se tivesse uma hora a menos e lamenta que ninguém tenha dito ao realizador para se "controlar". A The Hollywood Reporter destaca que é um mestre do cinema a expandir o seu legado com "um filme apaixonado que homenageia tanto as vítimas como os sobreviventes".

A presença do trio Scorsese, De Niro e DiCaprio voltou a causar sensação na passadeira vermelha em Cannes, por onde passaram outras estrelas de Hollywood, como Kirsten Dunst (esposa de Jesse Plemons, um dos atores do filme), Salma Hayek, Cate Blanchett e Tobey Maguire.

Kirsten Dunst e Jesse Plemons

Scorsese volta à Croisette, mas desta vez fora da mostra competitiva: em 1976, ganhou a Palma de Ouro com "Taxi Driver"; em 1986 ficou com o prémio de Melhor Realização com "Nova Iorque fora de Horas"; em 1998, foi o presidente do júri do festival.

Natalie Portman e Julianne Moore

Cory Michael Smith, Julianne Moore, o realizador Todd Haynes, Natalie Portman e Charles Melton

"Killers of the Flower Moon" foi rodado no local dos factos. O argumento foi revisto até o último dia das filmagens, segundo Scorsese, que queria "fazer o que era correto" com os indígenas.

O filme integra uma lista de títulos de longa duração, uma das tendências desta edição do Festival de Cannes.

Dos 21 filmes que disputam a Palma de Ouro, outros que passam das duas horas e meia são o chinês "Youth (Spring)" (3h32), o turco "About Dry Grasses" (3h17) e o francês "Anatomie d'une chute" (2h31).

"May December", do também norte-americano Todd Haynes, tinha a difícil missão de rivalizar na passadeira vermelha com a megaprodução da Apple. Para isso, foi escolhida a dupla de estrelas Natalie Portman e Julianne Moore, protagonistas do filme sobre uma relação entre duas atrizes.

Todd Haynes é o autor de uma filmografia original, na qual tem alternado obras de ficção ("Dark Waters - Verdade Envenenada") com cinebiografias ("I'm Not There - Não Estou Aí", sobre Bob Dylan, interpretado por diferentes atores) e documentários, como o dedicado à banda "Velvet Underground", que apresentou em Cannes há dois anos.

Em 2015, ele também causou sensação em Cannes com "Carol", sobre uma relação lésbica impossível, interpretada por Cate Blanchett e Rooney Mara.

A jovem franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, de 36 anos, deu uma nota de frescura com o seu primeiro filme, "Banel & Adama", um cuidadoso retrato da rebeldia de uma jovem contra uma aldeia inteira no Senegal.

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