Filmes sensíveis, poéticos e repletos de longos diálogos eram uma constante na filmografia de
Eric Rohmer, um dos cineastas mais emblemáticos da
Nouvelle Vague francesa, com uma carreira longa, que terminou em 2007 com
«Os Amores de Astrea e Celadon».

Nascido Maurice Henri Joseph Schérer, Eric Rohmer terá escolhido o seu pseudónimo artístico juntando os nomes de dois artistas que admirava: o realizador
Erich von Stroheim e o escritor de romances populares Sax Rohmer. Na década de 50, formou com
François Truffaut,
Jean-Luc Godard,
Jacques Rivette e
Claude Chabrol, o grupo de «enfants-terribles» que animaria a mítica revista
«Cahiers du Cinèma», de que foi editor-chefe entre 1956 e 1963, e que revolucionaria mais tarde o cinema com a chamada
Nouvelle Vague francesa.

Rohmer foi um dos últimos a distinguir-se nesse movimento cinematográfico, que rejeitava a narrativa cinematográfica tradicional e impunha uma linguagem nova e arrojada, mas foi um dos que mais longe levou na sua carreira os seus pressupostos éticos e estéticos, que o acompanharam até ao último filme.

Com efeito, apesar de ter realizado a primeira longa-metragem em 1959,
«Le Signe du Lion», Rohmer teria de esperar 10 anos até conseguir o seu primeiro grande sucesso,
«A Minha Noite em Casa de Maud», nomeado para dois Óscares e a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O filme, porventura o mais célebre da sua carreira, é o terceiro de um sexteto de filmes popularmente designados por
«Contos Morais», que arrancou com as curtas
«A Padeira de Monceau» (1963) e
«A Profissão de Suzanne» (1963) e prosseguiu com
«A Coleccionadora» (1967), o muito famoso
«O Joelho de Claire» (1970) e
«O Amor às Três da Tarde» (1972).

A obra de Rohmer é, em grande parte, composta por «ciclos», com filmes fechados mas de temática comum. Assim, a seguir aos
«Contos Morais», o realizador assinou outro designado
«Comédias e Provérbios», com as películas
«A Mulher do Aviador» (1980),
«O Bom Casamento» (1982),
«Paulina na Praia» (1983),
«O Raio Verde» (1986) e
«O Amigo da Minha Amiga» (1987). O seu terceiro ciclo de filmes, conhecido como «Contos das Quatro Estações», é composto por
«Conto da Primavera» (1990),
«Conto de Inverno» (1991),
«Conto de Verão» (1996) e
«Conto de Outono» (1998).

Além dos ciclos, Rohmer também assinou obras desgarradas, que não se integram em qualquer conjunto, como os filmes de época
«A Marquesa de O...» (1976),
«Perceval Le Gallois» (1978) e
«A Inglesa e o Duque» (2001), este último um trabalho formalmente revolucionário, que foi muito criticado em França por retratar negativamente a Revolução Francesa.

Recusando sempre aceitar compromissos, Rohmer fez uma carreira à margem de modas e tendências, com um cinema que poucas vezes teve o desejado apelo popular mas que a crítica louvou e o tempo validou. Um artista no verdadeiro sentido da palavra, com um cinema de integridade inquestionável.

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