Realizador de "Guardiões da Galáxia 3" está escolhido e tem experiência: chama-se James Gunn.

A Disney e a Marvel voltaram atrás depois de despedirem o realizador em julho do ano passado irem por causa de comentários ofensivos com dez anos nas redes sociais sobre temas como pedofilia e violação.

O exclusivo do Deadline foi confirmado tanto junto de fontes do estúdio Marvel como de James Gunn, e de forma independente tanto pela Variety como pelo The Hollywood Reporter.

Pela primeira vez desde o despedimento, o realizador regressou às redes sociais para confirmar a notícia: "Estou tremendamente grato a todos os que me apoiaram nos últimos meses. Estou sempre a aprender e continuarei a trabalhar para ser o melhor humano que posso ser. Estou profundamente grato pela decisão da Disney e entusiasmado por continuar a fazer filmes que examinam os laços de amor que nos unem a todos.".

James Gunn foi o obreiro do sucesso mais inesperado de todos os filmes do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, pela sigla original), até por adaptar aquelas que de longe são as personagens menos conhecidas entre todas as que chegaram ao cinema até agora.

A injeção de frescura, energia, irreverência e humor que James Gunn deu ao "Volume 12" foi de tal forma contagiante que o filme conquistou até os mais imperdíveis detratores da Marvel e se tornou um dos mais elogiados e adorados do MCU.

A decisão foi tomada há vários meses e resulta de conversações com a liderança da Disney e da Marvel.

Numa história de redenção e segundas oportunidades semelhante à do género de super-heróis, Alan Horn, presidente da Disney, que determinou o despedimento, encontrou-se posteriormente vários vezes com James Gunn para discutir a situação.

Convencido pelo seu imediato pedido de desculpas público e a forma como lidou posteriormente com a situação (o realizador manteve-se em silêncio, mesmo nas redes sociais, nunca criticando o estúdio), Horn decidiu anular a decisão.

Segundo o Deadline, este processo também foi facilitado pelo facto de que a Marvel, apesar das especulações, nunca pensou noutros realizadores para "Guardiões da Galáxia 3", tendo desde logo sinalizado que tencionava usar o argumento escrito por James Gunn.

O processo complicou-se quando James Gunn assinou contrato para escrever e realizar a sequela de "Esquadão Suicida" para a "concorrência" da DC Comics, mas a Marvel aceitou esperar. Esse filme chegará aos cinemas em 2021.

Após ser despedido, James Gunn não ficou na lista negra

James Gunn estava em silêncio desde 21 de julho de 2018, quando voltou a pedir desculpa e aceitou a decisão da Disney em despedi-lo da saga "Guardiões da Galáxia" (2014 e 2017) após adversários políticos conservadores terem recuperado mensagens controversas que publicou no Twitter entre 2008 e 2011 sobre temas como a violação e pedofilia, mas também sobre o 11 de setembro, a Sida e o Holocausto.

O realizador descreveu as mensagens como "piadas chocantes" num primeiro pedido de desculpas e, após ser conhecida a decisão do estúdio, como "esforços totalmente fracassados e infelizes para serem provocadores".

"Arrependi-me deles desde há muitos anos - não apenas porque eram estúpidos, nada engraçados, "descontroladamente insensíveis, e certamente não provocadores como esperava, mas também porque não refletem a pessoa que sou hoje ou que tenho sido há algum tempo", salientava em comunicado.

Os atores do elenco de "Guardiões da Galáxia" também se colocaram do lado do realizador, fazendo uma declaração pública de apoio a 30 de julho.

"Apoiamos totalmente James Gunn", frisou o elenco no comunicado partilhado por Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, entre outros.

"Ficámos chocados com a sua demissão abrupta na última semana e, intencionalmente, esperamos dez dias para pensar pensar, rezar, ouvir, discutir e responder. Nesse tempo, fomos encorajados pelo apoio incrível dos  fãs", acrescentam.

A situação que envolveu o realizador também causou mal estar não só porque colocava em causa da liberdade de expressão, mas também porque a pessoa decisiva na recuperação das mensagens controversas nas redes socais foi Mike Cernovich.

Além de divulgar habitualmente teorias da conspiração aos seus milhares de seguidores e ter também várias mensagens controvérsias nas redes sociais, este comentador de extrema-direita americana rejeita por exemplo a ideia de que é possível violar alguém durante um encontro amoroso e ele próprio foi acusado de violação em 2003, que acabou por ser reduzida a danos corporais.

Apesar dó despedimento, James Gunn não entrou numa lista negra: os outros estúdios mostraram logo interesse nos seus serviços.

"A maioria das pessoas sentem que os seus comentários vieram do seu género de comédia [no tempo em que os fez]. Ter um sentido de humor inapropriado não devia ser um crime", explicou o responsável de um estúdio ao  The Hollywood Reporter algumas semanas mais tarde, sintetizando o estado de espírito em Hollywood.

E, pelos vistos, isso também chegou à própria Disney.

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