Tudo começou em 1963, com o romance de ficção-científica
«La Planète des Singes» (que por cá se chamou «O Planeta dos Macacos»), escrito pelo francês
Pierre Boulle, que já vira outro dos seus livros,
«A Ponte do Rio Kwai», ser levado ao cinema com sucesso esmagador. A narrativa centrava-se nas aventuras do astronauta Ulysse Mérou num planeta dominado por símios inteligentes em que os humanos estavam ainda num estágio de barbárie.

A premissa do livro foi retida na respetiva adaptação cinematográfica, produzida por Arthur P. Jacobs e realizada por
Franklin J. Schaffner em 1968. «Planet of the Apes», que teve no nosso país o título infeliz de
«O Homem que Veio do Futuro», foi um sucesso gigantesco e levou efetivamente a uma verdadeira moda que se prolongou pelos anos 70, com mais quatro filmes, duas séries de televisão e uma quantidade imensa de produtos derivados.

Charlton Heston foi o protagonista da película, cujo impacto esmagador à época se deveu também à excecional caracterização dos macacos (com especial destaque para
Kim Hunter e
Roddy McDowall, que continuariam ligados à série) e a um final surpresa que se tornou dos mais célebres da história do cinema. Esse «twist» veio da imaginação de
Rod Serling, o criador da mítica série televisiva «Twilight Zone», que escrevera uma primeira adaptação do livro, cujo final foi retido no argumento definitivo.

Dois anos depois, em 1970, surgiu a sequela,
«O Segredo do Planeta dos Macacos», realizada por
Ted Post. Como Heston estava reticente em voltar ao papel, conseguiu-se que o ator surgisse apenas no início e no fim da película, em que um outro astronauta volta a cair no planeta em busca do primeiro. Heston contava que a detonação no final de uma arma de destruição massiva desse a série por terminada, mas não teve sorte já que se seguiram mais três prequelas.

Em 1971,
Don Taylor assinou aquele que é considerado um dos melhores filmes da saga,
«Fuga do Planeta dos Macacos», em que os símios interpretados por Kim Hunter, Roddy McDowall e
Sal Mineo regressam no tempo até à Terra da década de 70, onde os humanos se confrontam pela primeira vez com macacos evoluídos. A discussão dos temas sociais da época é um dos pontos fortes da película, que aborda o racismo, o medo da guerra nuclear, as experiências científicas nos animais e o próprio local da mulher na sociedade.

A febre do «Planeta dos Macacos» prosseguiu em ritmo rápido com o quarto filme a surgir logo em 1972,
«A Conquista do Planeta dos Macacos», assinado por
J. Lee Thompson. A ação decorre 20 anos depois do filme anterior, em 1991, com a América transformada num estado fascista e os macacos como mão de obra escrava. O filme explica o início da conquista do mundo pelos símios, e é aquele com que mais se aparenta ao atual http://cinema.sapo.pt/filme/rise-of-the-planet-of-the-apes
[/a].

Com orçamentos cada vez mais reduzidos e o sucesso no cinema cada vez menor, a série produzida por Arthur P. Jacobs chega ao fim em 1973 com [a|http://cinema.sapo.pt/filme/battle-for-the-planet-of-the-apes]«Batalha pelo Planeta dos Macacos», novamente assinada por Thompson. Com a ação a decorrer já no início do século XXI, os macacos lutam já entre si pelo domínio do planeta. Sempre sob a caracterização de macaco, Roddy McDowall continua a ser o ponto de ligação entre a série, estando ausente apenas do segundo filme, em que faz unicamente voz off.

Mesmo assim, o filão do «Planeta dos Macacos» não terminou, transitando para a televisão. Logo em 1974, a CBS produziu a série
«Planeta dos Macacos»
[/b], uma vez mais protagonizada por Roddy McDowall, com três astronautas a irem, novamente, parar a um planeta dominado por símios. A série durou apenas uma temporada e 14 episódios, mas logo de seguida, em 1975, surgiu uma outra série, mas em desenho animado, [b]«Return to the Planet of the Apes», também apenas com 13 episódios mas com a sociedade dos macacos muito mais evoluída, a fazer uso de automóveis e de todo o tipo de aparelhagem moderna.

Entretanto, durante a mesma época, a série teve vida longa na banda desenhada, com várias revistas a serem publicadas nesse período, sendo a encarnação mais longeva uma revista da Marvel Comics publicada entre 1974 e 1977. Além da BD, os anos 70 foram também férteis em todo o tipo de merchandinsing que envolvesse os macacos, nomeadamente bonecos.

Após duas décadas de acalmia, Hollywood tentou reviver o fenómeno com um «remake» do primeiro filme, que esteve longo tempo em gestação e que chegou a ter
Oliver Stone,
James Cameron e
Arnold Schwarzenegger associados ao projeto. Acabou por ser
Tim Burton a levar
a nova versão ao grande ecrã, num filme protagonizado por
Mark Wahlberg, que teve algum sucesso embora sem a mesma capacidade de reacender o fenómeno. Os aficionados da obra do realizador de
«Eduardo Mãos de Tesoura» ainda acham que este é o seu filme mais incaracterístico.

Levou por isso outra década até se chegar ao atual
«Planeta dos Macacos: A Origem», que conta como os macacos começaram a tomar conta do planeta, mas que não se assume como uma prequela do filme de Burton. Com o intuito de relançar a série, a nova película, assinada pelo britânico
Rupert Wyatt, é, efetivamente um «reboot», que se revelou um sucesso de crítica e público inesperado. A confirmação da sequela não deverá tardar muito a surgir.