Um filme inspirado nos protestos contra a guerra do Vietname realizados em Chicago em 1968 e num extraordinário julgamento subsequente estreia a 16 de outubro na Netflix, num momento de divisão nos Estados Unidos pelas manifestações contra o racismo e a brutalidade policial.

A ideia inicial partiu do cineasta vencedor de Óscares Steven Spielberg, que mais tarde deixou o projeto nas mãos do argumentista Aaron Sorkin, que assumiu a realização, e esta segunda-feira (14) apresentou um excerto no Festival de Toronto, no mesmo dia em que foi lançado o primeiro trailer.

"Os 7 de Chicago" conta com um elenco impressionante formado por Mark Rylance, Eddie Redmayne, Joseph Gordon-Levitt e Sacha Baron Cohen.

Spielberg e Sorkin encontraram-se pela primeira vez para discutir o projeto em 2006 e, desde então, "o mundo refletiu cada vez mais os acontecimentos do filme", disse o criador da série "Os Homens do Presidente" numa conferência de imprensa virtual no festival canadiano.

"Isto foi antes de Breonna Taylor, Rayshard Brooks, George Floyd. Foi antes disso", explicou, referindo-se aos afro-americanos mortos recentemente pela polícia.

"As semelhanças... são assustadoras [...] O filme foi relevante quando o estávamos a fazer... não precisávamos que fosse mais relevante, mas aconteceu", reforçou.

O filme leva o público de volta a 1968, quando a oposição à guerra do Vietname aumentava e Martin Luther King Jr. e Bobby Kennedy acabavam de ser assassinados. Manifestantes enfrentaram a polícia com pedras, que responderam com cassetetes e gás lacrimogéneo.

A história gira em torno do julgamento de sete manifestantes hippies, que usaram humor, fantasias e canções para condenar o sistema político, enquanto o juiz ordenou que um dos acusados - um dos líderes do grupo Panteras Negras - fosse amordaçado e acorrentado à cadeira.

"O que estamos a ver hoje, mais uma vez, é a demonização da dissidência", disse Sorkin.

Os Estados Unidos registaram manifestações massivas contra o racismo e a brutalidade policial, muitas vezes terminando em tumultos e confrontos com polícias.

Em 1968, centenas de pessoas foram presas nos protestos de Chicago, que coincidiram com a convenção do Partido Democrata e a nomeação de Hubert Humphrey como candidato à Presidência, eleições que simbolizaram uma grande divisão do povo americano e acabaram por ser vencidas por Richard Nixon.

No julgamento da vida real, todos os réus foram absolvidos de conspiração e cinco dos sete foram condenados por cruzar as fronteiras estaduais para incitar tumultos, mas recorreram da decisão e também foram absolvidos.

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