O programa “Novos Encontros do Cinema Português”, que terminou hoje no Porto, mostrou que “há um desejo de comunidade”, mas ainda é cedo para pensar numa segunda edição, afirmou à Lusa Guilherme Blanc, um dos organizadores.

Durante dois dias, o Batalha – Centro de Cinema acolheu quatro debates em torno do cinema português, sobre educação, produção, crítica e distribuição e exibição, retomando uma iniciativa semelhante à que aconteceu em 1967.

“Foi uma iniciativa muito participada e há um desejo de comunidade, de criação de pontes, de compreensões, dentro de um setor que é heterogéneo. O que sentimos de imediato é que foi uma iniciativa muito participada, muito debatida, extravasando os painéis”, disse Guilherme Blanc, diretor artístico do Batalha – Centro de Cinema.

À semelhança do que aconteceu em 1967, a iniciativa foi co-organizada com o Centro Português de Cinematografia – Cineclube do Porto e com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Estes encontros assentaram num trabalho prévio de vários meses de preparação e investigação, com base em inquéritos e entrevistas a vários profissionais do setor, e a reflexão só deverá ficar concluída no prazo de dois a três meses, com a publicação e divulgação de conclusões finais.

“A coisa mais importante agora, antes de pensar numa segunda edição, é perceber. Vamos criar um documento sistematizado e perceber que tratamento podemos dar a este documento. Deve ser uma reflexão alargada e participada”, disse.

As intervenções das associações e personalidades convidadas serão trabalhadas para edição em formato podcast, disse.

Para Guilherme Blanc, eventualmente pode pensar-se numa segunda edição destes encontros – que foi sendo solicitada pela plateia nestes dois dias -, mas não no próximo ano.

Sobre as críticas apontadas à falta de representatividade entre os convidados dos debates, em matéria de género e etnia, Guilherme Blanc reconhece que “os painéis foram notoriamente pouco diversos”.

“Foi uma reflexão que se fez coletivamente, uma reflexão urgente a nosso ver”, mas a representatividade também é “um reflexo do setor”, disse.

No segundo dia destes encontros, debateu-se o panorama da crítica sobre cinema e o mercado da distribuição e da exibição.

No debate sobre a crítica falou-se sobre isenção, promoção, liberdade e precariedade de quem produz pensamento sobre cinema português, com a participação de Teresa Vieira, Luís Mendonça, Pedro Mexia, Rodrigo Francisco, Saguenail e Vasco Câmara.

No debate sobre distribuição e edição falou-se de modelos de negócio, da sobrevivência das salas independentes de cinema, da utopia – foi essa a palavra usada – de ter salas com programadores em todas as capitais de distrito -, da urgência da renovação de públicos e da cinefilia que também se faz no sofá de casa.

Nesse debate estiveram Ana Isabel Strindberg, da Portugal Film, Dário Oliveira, do festival Porto/Post/Doc, João Vintém, da plataforma Filmin, João Matos, da associação Apordoc, Pedro Borges, da produtora Midas Filmes, e de Tiago Santos, da Casa do Cinema de Coimbra.

Foi ainda pedido um plano de urgência para salvar as salas independentes de cinema e mais investimento de privados, mas a partir da plateia, alguém lembrou, exclamando: “Viva o público!”.

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