“Noite Perpétua", as crónicas silenciosas de uma Guerra Civil Espanhola, segunda curta-metragem de Pedro Peralta, triunfou na noite de prémios da 7.ª edição do Ymotion: Festival de Cinema Jovem de Famalicão, conquistando o Grande Prémio Joaquim De Almeida para Melhor Filme, Melhor Atriz (Matilde Couso de Arcos) e Melhor Direção de Fotografia (João Ribeiro).

Na cerimónia esgotada no Centro de Estudos Camilianos, com a jornalista Maria João Rosa como anfitriã, ainda foram entregues o Prémio de Argumento para o falso-documentário “A Rainha”, de Lúcia Pires; Prémio de Documentário para “Fruto do Vosso Ventre”, de Fábio Silva; Animação para “Kumaru”, de Bruno Maravilha, Patrícia Santos e Tânia Teixeira; e o Prémio de Escolas para “Os Cães São Mais Bonitos Quando Estão Molhados”, de Salvador Lobo Xavier, jovem que captou a atenção da noite.

O júri mencionou ainda a nova curta de Gonçalo Almeida (o mesmo realizador da longa de fantástico “Faz-me Companhia”) “A Rapariga de Saturno” e o desempenho de João Cravo Cardoso no projeto “Fora de Jogo”, de José Freitas.

A noite do “cinema jovem” também foi marcada pela habitual homenagem, este ano a Maria João Bastos, célebre rosto de produções como o derradeiro filme do cineasta chileno Raúl Ruiz, “Os Mistérios de Lisboa”, ou do 'thriller' "O Bairro", oriundo da imaginação de Moita Flores.

Tendo subido ao palco para receber a sua estatueta especial, a atriz direcionou o seu discurso para quem ambiciona pelo cinema: “O que poderia dizer aos jovens aqui presentes? Que nunca deixem de sonhar. Acreditem nos vossos sonhos […] Não tenham medo de falhar, não fujam dos erros. Permitam-se sonhar e permitam-se falhar”.

Ymotion abriu uma (outra) “caixa” de Pandora

Ricardo Pereira, Rui Pedro Tendinha, Sónia Balacó e Pandora da Cunha Telles

“Famalicão como capital do cinema jovem”, dito, ouvido, partilhado e assumido,o festival Ymotion não se ficou apenas como um festival ou mostra da capacidade que os nossos jovens detêm para fazer cinema, mas também pela ideia e ambição de converter o município num centro cultural e laboratório de possíveis nomes do nosso panorama cinematográfico.

Como tal, não só de secções competitivas foi feita a programação: a rubrica “Novíssimos do Cinema Português”, apresentada pelo comissário do festival, o jornalista e crítico de cinema Rui Pedro Tendinha, teve como objetivo introduzir às escolas e aos mais interessados no percurso do cinema um pouco do que se faz na produção nacional.

Este ano, o holofote foi apontado para a Ukbar Filmes, produtora gerida pela Pandora da Cunha Telles, que para além de ter no seu sangue 'pedigree' da produção (recordamos que o seu pai é António da Cunha Telles, talvez a figura central do movimento Cinema Novo Português), que marcou presença no Centro de Estudos Camilianos para abordar os seus próprios projetos, os desafios de cada um deles e enchendo o público de “verdes anos” de conselhos valiosos.

“Sou das pessoas que mais trabalha em audiovisual e tenho a sensação que 80 % das vezes disseram-me que não”, salientou a produtora, acompanhada pelos atores Ricardo Pereira (“Golpe de Sol”) e Sónia Balacó (que veremos brevemente em “Serpentina”, adaptação de uma obra de Mário Zambujal pelas mãos de Laura Seixas, integrada no projeto “10 telefilmes realizados por mulheres”, da Ukbar Filmes e da RTP).

A produtora ainda realçou as dificuldades e as frustrações deste meio, garantido aos interessados que “os três primeiros filmes são os mais difíceis” e que “há que lutar, há que sempre lutar”.

À mesma audiência, falou de novas produções, nomeadamente de Cândido", o futuro filme de Jorge Paixão da Costa (o mesmo de “Soldado Milhões”), uma história de espionagem que acaba de receber apoio do ICA; e a coprodução espanhola “Operação Maré Negra”, série com os atores Nuno Lopes, Bruno Gagliasso, Lúcia Moniz e Nerea Barros, que terá lançamento em breve na plataforma Amazon Prime.

“Revolta”, o vislumbre da emancipação de Tiago R. Santos

Revolta

A Fundação Castro Alves, nos arredores da cidade de Famalicão, foi o palco escolhido para a revelação das primeiras imagens de “Revolta”, a experiência do argumentista Tiago R. Santos (“Call Girl”, “Os Gatos Não Têm Vertigens”) na realização de uma longa-metragem.

Produzido por Tino Navarro, o filme com estreia apontada para o primeiro trimestre de 2022, levar-nos-á até um jantar entre quatro amigos que se transformará num autêntico caos, enquanto “lá fora, uma revolução decorre”.

Protagonizado por Ricardo Pereira, Teresa Tavares, Margarida Vila-Nova e Cristóvão Campos, “Revolta” promete ser uma “sátira” desenvolvida unicamente entre quatro paredes e em tempo real, uma hora e meia de duração. Para Tiago R. Santos, este registo, para além de ir ao encontro de alguns dos seus filmes do género (“O Deus da Carnificina”, "Tape", "Armadilha Mortal”), foi também uma forma prática para realizar-se o projeto.

“Conheço o sistema produtivo em Portugal. A necessidade é a mãe da invenção”, salientou.

O realizador garantiu que o guião se encontrava escrito antes da pandemia, mas foi com o primeiro confinamento que assumiu a sua concretização.

“Estava a tentar arranjar algum trabalho no confinamento até que Tino Navarro telefona e diz ‘Lembras-te daquele filme que escreveste? Agora é o momento'” contou, acrescentando que, depois da chamada, foram 12 noites num “loft na Estrela” com ensaios e constantes desafios e reescritas.

A apresentação, que viria a culminar na revelação do primeiro trailer, contou com a presença de Ricardo Pereira, que enumerou algumas curiosidades da produção, e, virtualmente, de Teresa Tavares, que destacou “a objetividade do Tiago”, situando o seu trabalho na contemporaneidade dos nossos tempos, recordando que “o confinamento mudou a forma como filmamos”.

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