O filme "Napoleão", de Ridley Scott, criado originalmente pela Apple para a sua plataforma de streaming, foi o herói inesperado do evento da indústria cinematográfica CinemaCon, na sua noite de abertura na segunda-feira.

A epopeia histórica, liderada por Joaquin Phoenix no papel de Napoleão Bonaparte, será exibida pela primeira vez exclusivamente nos cinemas em novembro, no âmbito da mudança estratégica recente e revolucionária da gigante da tecnologia Apple para a estreia mundial dos seus filmes no grande ecrã.

A Sony Pictures associou-se à Apple para distribuir o filme nos cinemas. Uma sequência de batalha em que as forças francesas, lideradas por Napoleão, fazem uma emboscada contra um exército inimigo num lago congelado arrancou aplausos entusiasmados de uma plateia formada por donos das salas de cinema.

"Épico é a única descrição adequada para este filme da Apple Originals", disse o presidente da Sony Pictures, Tom Rothman, num elogio a uma empresa de streaming, o que, antes, era quase impensável na CinemaCon.

O evento reúne donos de salas de cinema, chefes de estúdios de Hollywood e estrelas das bilheteiras. Os participantes costumavam enfatizar "a magia única" do grande ecrã e lançar indiretas aos serviços de streaming, mas a notícia recente de que a Apple planeia gastar mil milhões de dólares por ano em filmes que serão exibidos no cinema antes de passarem para a sua plataforma Apple TV+ surgiu como um grande impulso para as salas de cinema, que ainda se recuperam da pior fase da pandemia.

Também este ano, o filme de Martin Scorsese para a Apple "Killers of the Flower Moon" será lançado nos cinemas pela Paramount, enquanto a Amazon estreou nos cinemas recentemente o seu drama "Air", dirigido e protagonizado por Ben Affleck e ainda Matt Damon e Viola Davis.

Analistas afirmam que tanto a Apple quanto a Amazon esperam que estas estreias de grande repercussão nos cinemas chamem a atenção para a oferta das suas plataformas de streaming. A tendência também oferece um ganho potencial inesperado para os estúdios de Hollywood dispostos a distribuir os filmes no grande ecrã.

Tom Rothman disse ontem que se sentia honrado pela Apple ter escolhido o seu estúdio "entre muitos candidatos" para a estreia de "Napoleão". Ele descreveu o filme como "singularmente significativo para a Sony" e para as salas de cinema em geral, e prometeu uma grande campanha de marketing para a longa-metragem.

No passado, a Apple só lançava os seus filmes no cinema por curtos períodos, por vezes o suficiente para cumprir os requisitos mínimos para que um filme possa disputar os Óscares. Esta tática valeu-lhe o prémio de Melhor Filme no ano passado com "CODA", a primeira estatueta desta categoria conquistada por uma plataforma de streaming.

"Napoleão" reúne Scott e Phoenix mais de duas décadas depois da sua epopeia histórica anterior, "Gladiador". Ele narra as origens de Napoleão e a sua ascensão até se tornar comandante militar e imperador da França, bem como a relação volátil com a sua mulher Josephine, interpretada por Vanessa Kirby.

A CinemaCon acontece em Las Vegas, até a próxima quinta-feira.