A 24 de março de 2002, Halle Berry fez história quando se tornou a primeira afro-americana a ganhar o Óscar de Melhor Atriz pelo filme "Monster's Ball - Depois do Ódio".

Marcado pela emoção, o seu discurso continua a ser considerado um dos mais memoráveis na história dos prémios: "Este momento é muito maior do que eu. Este momento é para Dorothy Dandridge, Lena Horne, Diahann Carroll. É para as mulheres que estão ao meu lado: Jada Pinkett, Angela Bassett, Vivica Fox. E é para cada mulher de cor sem cara, sem nome, que agora têm uma oportunidade porque esta porta foi aberta esta noite".

"Não abriu a porta", reage a atriz 20 anos depois, numa nova entrevista ao jornal The New York Times.

"O facto de que não está ninguém ao pé de mim é devastador", acrescentou.

"Monster's Ball - Depois do Ódio"

A concorrer com Judi Dench ("Iris"), Nicole Kidman ("Moulin Rouge!"), Sissy Spacek ("Vidas Privadas") e Renée Zellweger ("O Diário de Bridget Jones), a atriz recordou que não estava à espera de ser a vencedora: "Naqueles tempos, se não se ganhasse o Globo [de Ouro], realmente não se ganhava o Óscar. Portanto, tinha-me resignado a acreditar 'É ótimo estar aqui, mas não vou ganhar'".

Daí o choque captado pela câmara quando Russell Crowe leu o seu nome: "Não me recordo de nada. Nem sei como cheguei lá a cima. Foi um momento que se varreu completamente. Só me lembro do Russell Crowe a dizer 'Respira, parceira' ['Breathe, mate']. E a seguir tinha uma estatueta dourada na minha mão e comecei a falar".

Desde então foram nomeadas mais seis afro-americanas nomeadas para Melhor Atriz (Gabourey Sidibe, Quvenzhané Wallis, Ruth Negga, Cynthia Erivo, Andra Day e Viola Davis, esta por duas vezes), mas Halle Berry prefere ver a falta de companhia ao seu lado de outra forma.

"Não podemos julgar sempre o sucesso ou o progresso pela quantidade de prémios que temos. Os prémios são a cereja em cima da bolo... mas será que isso significa que, se não recebermos a excecional distinção excelente, não somos boas e não somos bem-sucedidas, e não estamos a mudar o mundo com a nossa arte e as nossas oportunidades não estão a crescer?"