Numa entrevista rara, Woody Allen diz que o seu próximo filme pode ser o último pois "muita da emoção desapareceu" como realizador no atual mundo do cinema.

Esta terça-feira, o realizador de 86 anos falou esta terça-feira com o ator Alec Baldwin, que entrou em três dos seus filmes, para promover "Zero Gravity", o compêndio de contos em tom humorístico que vai publicar nos EUA em agosto, e entre os temas abordados estiveram o seu processo de escrita (“A diferença entre um conto e um romance longo é que um romance pode ser 10 vezes mais longo, mas 100 mais difícil”, argumentou sobre por que não considerou dar o passo para investir nesse género), a carreira no cinema e na comédia, além da paixão pela música e a publicação The New Yorker.

Sem surpresa, ficaram de fora as acusações de abusos sexuais feitas pela sua filha adotiva Dylan Farrow, alegadamente ocorridas em 1992, quando tinha sete anos: apesar dos processos judiciais terem sido arquivados após duas investigações em separado, o cineasta viu a sua imagem deteriorar-se e ser "cancelado", principalmente nos EUA, com a repetição das alegações após o movimento #MeToo e o documentário "Allen V. Farrow", lançado pela HBO em fevereiro de 2021.

Mas após fazer um filme praticamente por ano desde 1967, o realizador não alude a isso quando diz que o próximo, o 50.º da carreira, que confirmou que está a preparar para começar a rodar no outono em Paris sem revelar mais detalhes, pode ser o último antes de se virar para a escrita de mais livros ou peças de teatro (escrever para outros cineastas é um "não").

"Provavelmente, farei pelo menos mais um filme. Muita da emoção desapareceu. Quando comecei, fazia-se um filme e ia para um cinema e cinemas em todo o país, e as pessoas vinham às centenas para vê-lo em grandes grupos no grande ecrã. Agora, faz-se um filme e consegue-se duas semanas num cinema, talvez seis semanas, quatro semanas, seja o que for. E depois vai logo para streaming ou 'pay-per-view', e as pessoas adoram ficar sentadas em casa com os seus grandes ecrãs e vê-lo nos seus sistemas de televisão. Não é o mesmo.... não é tão agradável para mim", admitiu.

"Não tenho a mesma diversão ao fazer um filme e colocá-lo num cinema. Era uma sensação agradável saber que 500 pessoas o estavam a ver ao mesmo tempo. Não sei como me sinto sobre fazer filmes. Vou fazer mais um e depois logo vejo como me sinto", acrescentou.

Esta entrevista foi a primeira vez que o também autor de “Apropos of Nothing” se ligou à rede social Instagram e a sua inexperiência foi notada com até três cortes de conexão ou ‘frames’ da câmara, em que a sua cara não podia ser vista na totalidade.

Segundo as notícias, Woody Allen vai viajar em breve para Paris, onde ficará vários meses para rodar um filme que, embora não tenha título, será um drama misturado com humor negro nos moldes de outras suas películas, como “Match Point” (2005).

A conversa de cerca de meia-hora, com alguns problemas técnicos pelo meio, teve uma audiência de aproximadamente 2.700 pessoas e pode ser vista no Instagram de Alec Baldwin.

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