Robert Benton, o argumentista e realizador vencedor dos Óscares por "Kramer Contra Kramer", morreu na sua casa nos EUA, informou o seu representante na terça-feira. Tinha 92 anos.

Benton também era conhecido pelo filme "Um Lugar no Coração" (1984) e teve amplos créditos como argumentista e realizador de filmes influentes nas décadas de 1960 e 1970.

O jornal New York Times confirmou que a morte foi no domingo e Hillary Bibicoff, do escritório de advogados Feig Finkel, que o representava, confirmou à agência France-Presse.

No seu primeiro trabalho em Hollywood, Benton, admirador do cinema francês do movimento Nouvelle Vague (Nova Vaga) coescreveu com David Newman o inovador 'thriller' "Bonnie e Clyde" (1967), de Arthur Penn, protagonizado por Faye Dunaway e Warren Beatty. Mas é provavelmente mais conhecido pelo seu argumento e realização do filme de 1979 que ofereceu uma visão implacável do divórcio,que se tornou um fenómeno cultural e um dos filmes mais premiados da sua época, além do mais rentável nas bilheteiras da América do Norte no seu ano.

"Kramer Contra Kramer" recebeu nove nomeações para os Óscares e levou cinco para casa cinco; Melhor Realização e Argumento Adaptado para Benton, além de Melhor Ator para Dustin Hoffman, Melhor Atriz Secundária para Meryl Streep e o grande prémio de Melhor Filme.

Rodagem de "Kramer Contra Kramer"

Ele e Newman coescreveram "Que se Passa, Doutor?", de Peter Bogdanovich e com Barbra Streisand e Ryan O'Neal, lançado em 1972, o mesmo ano em que Benton se estreou na realização com "Más Companhias", dirigindo Jeff Bridges.

Em 1978, Benton juntou-se novamente a Newman e à esposa deste, Leslie, para escrever o argumento do icónico "Superman" (1978), protagonizado por Christopher Reeve, Marlon Brando e Margot Kidder.

O seu impacto no cinema reduziu-se consideravelmente após "Um Lugar no Coração" (1984), sobre uma viúva texana que luta para sobreviver à Grande Depressão dos anos 1930, com o qual ganhou o Urso de Prata de Melhor Realização no Festival de Berlim e uma terceira estatueta dourada, para Melhor Argumento Original, além de outra nomeação para Melhor Realização. Nomeado em sete categorias, a segunda estatueta foi para Sally Field como Melhor Atriz.

"Um Lugar no Coração"

Também dirigiu Paul Newman no seu prémio de Melhor Ator no festival de Berlim e nomeação para o Óscar em "Vidas Simples" (1994), mas vários dos 12 filmes que dirigiu frustraram as exectativas, apesar dos atores impressionantes: "Na Calada da Noite" (1982), com Streep e Roy Scheider (a atriz disse em 2013 que era um dos seus piores filmes); "Nadine, Um Amor à Prova de Bala" (1987), com Kim Basinger e Jeff Bridges; "Billy Bathgate" (1991), com Hoffman, Nicole Kidman, Bruce Willis e Loren Dean; "A Hora Mágica" (1998), com Newman, Susan Sarandon e Gene Hackman; "Culpa Humana" (2003), com Anthony Hopkins e Kidman; e "O Banquete do Amor" (2007), com Morgan Freeman, Greg Kinnear e Billy Burke, a despedida no cinema.

Apesar de ter conseguido atuações vencedoras do Óscar de uma série de lendas do cinema do século XX, Benton era conhecido em Hollywood como um realizador discreto.

"Existem realizadores que conseguem extrair grandes atuações de atores. Não sou um deles", disse certa vez.

Num evento para fãs em Hollywood em 2018, manteve-se modesto sobre a sua carreira de qualidade.

"Encontrei atores — por sorte, pela avaliação de diretores de casting ou por instinto — que são extraordinariamente bons", disse aos seus ouvintes na plateia.

"Há algo em que simplesmente se tem de arriscar, e quando se vê e dá certo, é brilhante."

Questionado sobre como conseguiu ter algumas das maiores estrelas de Hollywood, respondeu sem rodeios: "Tentei não atrapalhar... não é assim tão fácil."

O Times noticiou que Benton deixa um filho, John. A sua esposa de seis décadas, Sallie, faleceu em 2023.