Marilyn Bergman, uma das mais importantes compositoras de canções para o cinema norte-americano, mas também para a televisão e teatro, faleceu no sábado aos 93 anos, de falha respiratória (não relacionada com a COVID-19).

Destacam-se três Óscares, quatro Emmys e três Grammys ao longo de uma carreira com mais de 60 anos e temas para alguns dos alguns dos filmes e séries mais populares entre as décadas de 1960 e 1980, em parcerias famosas com o seu marido Alan Bergman (nascido em 1925) e também Michel Legrand (1932 – 2019) e Marvin Hamlisch (1944 – 2012), interpretadas por artistas como Barbra Streisand, Frank Sinatra, Ray Charles, Tony Bennett, Dean Martin, Neil Diamond ou Fred Astaire.

Na sua área, também foi pioneira, tornando-se a primeira mulher presidente e presidente do conselho da American Society of Composers, Authors and Publishers (ASCAP), entre 1994 e 2009, e esteve ligada a organizações para a expansão do papel das mulheres dentro da indústria do entretenimento.

O impacto das canções dos Bergman extravasa os próprios filmes ou séries originais: elas surgem nas bandas sonoras de "Austin Powers em Membro Dourado", "Escola de Rock" ou "Deadpool 2", passando por "Os Simpsons", "Family Guy", "Stranger Things" ou a recente série da Marvel "Hawkeye - Gavião Arqueiro".

Nomeada 16 vezes para os Óscares, Marilyn Bergman  ganhou três, sempre com o marido: pela canção "The Windmills of Your Mind", do filme "O Grande Mestre do Crime" ("The Thomas Crown Affair" no original, de 1968), e a banda sonora adaptada de "Yentl" (1983), juntamente com Michel Legrand; e pela canção "The Way We Were" de "O Nosso Amor de Ontem" (1973), em parceria com Marvin Hamlisch, que também ganhou o Grammy.

Tanto "O Nosso Amor de Ontem" como "Yentl" têm em comum Barbra Streisand, cujos programas especiais nos anos 1990 também valeram aos Bergman dois dos seus Emmys.

"A Marilyn e o Alan Bergman eram como família, além de compositores brilhantes. Conhecemo-nos há mais de 60 anos nos bastidores de um pequeno clube noturno e nunca parámos de nos adorar e trabalhar juntos. As suas canções são intemporais e o nosso amor também", homenageou a artista nas redes sociais.

Em 1983, Alan e Marilyn Bergman também se tornaram os primeiros compositores a terem três dos cinco temas nomeados na categoria de Melhor Canção (pelos filmes "Loucuras de um Casal", "Tootsie - Quando Ele Era Ela" e "Yes, Giorgio"), perdendo para a de "Oficial e Cavalheiro".

Alguns dos primeiros sucessos do casal foram "Sleep Warm" para Dean Martin, “Nice ‘n’ Easy” para Frank Sinatra e “Yellow Bird” para Norman Luboff. No cinema, a carreira arrancou para a fase de maior sucesso graças ao impacto da canção "In the Heat of the Night" para o filme "No Calor da Noite" (1967), em parceria com Quincy Jones e interpretada por Ray Charles.

Além de "O Grande Mestre do Crime" e "Yentl", outras parcerias do casal com Michel Legrand no cinema em "Amar Sem Amor" (1969), "Pieces of Dreams" (1970), "Verão 42" (1971) e "Loucuras de um Casal" (1982) resultaram em canções de sucesso.

Além do impacto gigantesco de "The Way We Were", a ligação com Marvin Hamlisch destacou-se nos filmes "À Mesma Hora para o Ano Que Vem" (1978) e "Shirley Valentine" (1989).

Entre muitas colaborações com outros compositores, destacam-se as que o casal teve com Dave Grusin em "...E Justiça Para Todos" (1979), "Tootsie" (1982) e "Dias de Glória... Dias de Amor" (1991), além das canções-tema para as séries "Maude" (1972) e "Good Times" (1974); com John Williams para "Fitzwilly" (1967), "Um Amor Simples" (1972), "Yes, Giorgio" (1982) e "Sabrina" (1995); com Henry Mancini em "Chicago, Chicago" (1969) e "Os Indomáveis" (1971); com Maurice Jarre em "O Juiz Roy Bean" (1972); com Johnny Mandel em "Desejos de Verão, Sonhos de Inverno" (1973); e Elmer Bernstein em "3 Horas Decisivas" (1976).