O cineasta e documentarista argentino David Blaustein morreu esta segunda-feira aos 68 anos após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC), informou o Ministério da Cultura.
“Lamentamos profundamente a morte de David 'Coco' Blaustein, uma das maiores referências do cinema político em nosso país”, partilhou o ministério nas redes sociais, considerando a morte de “uma perda irreparável para a cultura argentina”.
Na última quarta-feira, o cineasta sofrera um derrame que o levara a ficar internado, informou Bucky Butkovic, responsável pela divulgação dos seus filmes.
"Cazadores de utopías", lançado em 1996, com depoimentos de militantes da década de 1970 do grupo guerrilheiro Montoneros, foi o primeiro de uma dezena de documentários que ele filmou ou produziu, todos inéditos nos cinemas portugueses.
"Despedimo-nos com imenso pesar de nosso querido amigo David 'Coco' Blaustein, realizador, cineasta, ativista político, da vida, da justiça, da memória e do futuro. Um companheiro de generosidade e calor incomparáveis", escreveram as Avós da Praça de Maio, cujo trabalho e luta na busca dos bebés, filhos dos desaparecidos, roubados na ditadura argentina (1976-1983), foi retratado no documentário "Botín de guerra", realizado em 2000.
O cineasta Juan José Campanella, realizador do premiado "O Segredo dos Seus Olhos" (2009), lamentou nas redes sociais a morte do seu colega, a quem descreveu como "um daqueles homens que é um prazer estar com ele. Um amante e defensor do cinema argentino. Um enorme documentarista. Mas, acima de tudo, um cavalheiro de belíssima imagem".
O grupo Documentalistas de Argentina (DOCA) descreveu Blaustein como "essencial", que apresentava Manivela, um programa de rádio dedicado ao cinema latino-americano.
“É uma história que afasta quem optou por contar o proibido, o silenciado, a resistência, a memória e as lutas populares. Os que acabam de encontrar linguagem, olhar e bandeira no seu cinema do real”, partilhou o grupo HIJOS (dos desaparecidos).
Aquando do seu derrama, David Blaustein acabava "Vai acabar", documentário de 115 minutos co-dirigido com o cineasta Andrés Cedrón, no qual recolheu depoimentos de trabalhadores que arriscaram a vida por reivindicações sindicais durante a ditadura.
"Make homeland" (2006), "Rebel Fragments" (2009), "Soy beans" (2009), são outros títulos famosos da sua autoria.
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